A semana começou de um jeito diferente da anterior para o mercado global de trigo. Depois de uma sequência de cinco dias de quedas e um recuo acumulado de 37%, de maio até a sexta-feira, os contratos com vencimento em setembro fecharam em alta.
O avanço na Bolsa de Chicago foi de 4,63%, com o bushel fechando a US$ 8,1275. Para o analista da Safras & Mercado, Élcio Bento, esse aumento é visto como “uma correção”, depois da queda recente que levou a cotação ao patamar pré-conflito Rússia-Ucrânia.
– Os preços de março a maio ficaram fora da curva – diz Bento, sobre a escalada no período.
Há ainda o fato de que grandes compradores, como o Egito, voltaram a buscar negócios, evidenciando a demanda. Diferentemente de outros produtos agrícolas, o trigo, por ser importante base de alimentação, costuma ter procura constante. Bento explica que a oferta é “o ponto dinâmico” do cereal.
E é nesse quesito que entrou mais recentemente a pressão de baixa, diante da perspectiva de acordo para a criação de um corredor para a exportação de grãos da Ucrânia. Nesta segunda-feira (18), o presidente Volodimir Zelensky informou, por meio de seu Twitter, ter conversado com o chefe do Executivo brasileiro, Jair Bolsonaro. “Discutimos a importância de retomar as exportações de grãos ucranianos para evitar uma crise alimentar global provocada pela Rússia”, escreveu o ucraniano em sua rede social.
Novos desdobramentos em relação à possível liberação do fluxo no Mar Negro são esperados para os próximos dias. O analista da Safras & Mercado observa que, mesmo com a retomada, o volume disponível para exportação dos ucranianos é bem inferior ao do ano passado.
Projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), estimam uma colheita de trigo na Ucrânia de 19,5 milhões de toneladas. No ano passado, foram 33 milhões de toneladas. Acrescido o estoque e descontado o consumo local, são menos 8,8 milhões de toneladas para ofertar.
A tendência, por ora, é de reacomodação dos preços do trigo a um nível de “normalidade”. Mas é um novo normal, com valores em dólares acima da média histórica.