A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A pedra já cantada sobre os impactos que a estiagem traria ao setor primário se confirma, agora, também no desempenho da economia gaúcha. O resultado do PIB no primeiro trimestre do ano, divulgado nesta terça-feira (21), trouxe os primeiros reflexos da escassez hídrica e confirmou que todas as principais culturas agrícolas sofreram perdas com a falta de chuvas no Estado.
O PIB agropecuário caiu 41,1% na comparação com o primeiro trimestre de 2021 — ano de safra farta e sem seca, contribuindo diretamente para a queda de 4,7% no PIB geral gaúcho considerando essa mesma base de comparação. No país, onde os efeitos da estiagem foram menores de maneira geral, a perda no setor foi de 8%.
Dentre as principais culturas, a queda mais expressiva ficou com a soja, que declinou 53,5%.
— Nem é a principal cultura do período, mas a queda da soja foi tão grande que contribuiu muito para a taxa geral — destacou Vanessa Sulzbach, chefe da Divisão de Análise Econômica do DEE/SPGG, responsável pela elaboração do PIB.
Depois do grão, seguiram com as maiores perdas o milho, com queda de 31,1%, a uva (-23,4%) e o fumo (-15,0%). O arroz, principal cultura do trimestre, caiu 10,6%.
Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, ou seja, os últimos três meses de 2021, o impacto no setor agropecuário foi menor, mas ainda expressivo: - 28,1%. Nessa conta, entra como destaque o desempenho do trigo na safra passada, que registrou recordes e elevou a base de comparação.
O estrago maior gerado pela estiagem ainda está por vir e deve aparecer nos dados do segundo trimestre do ano, que é quando o agro tem ainda mais peso no resultado da economia gaúcha por causa da colheita da soja, que caiu pela metade este ano.
— Possivelmente teremos uma nova queda no próximo trimestre, para depois, em 2023, quem sabe recuperarmos com resultados da agropecuária — acrescentou Vanessa.