Embora o momento seja de plantio da safra de inverno, o planejamento para o verão está no horizonte. E promete incluir o milho na rotação com áreas de arroz. É um caminho semelhante ao da soja, há uma década, hoje consolidado com mais de 400 mil hectares cultivados com o grão.
— Sem dúvida, é a próxima cultura a ser introduzida no sistema. Precisamos continuar buscando alternativas. Hoje, o produtor tem de ser grãos, não só de arroz — pondera Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS).
A aposta nessa alternativa também vem do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), que no próximo ciclo, 2022/2023, passará a incluir nos levantamentos de safra a cultura do milho, tal qual faz com a da soja. Nos dias 23 e 24 deste mês, realiza um seminário, em Restinga Seca, na Região Central, sobre Milho Irrigado em Terras Baixas.
— Essa foi uma demanda que surgiu da lavoura. Já tem produtor com milho na várzea – explica Rodrigo Warlet Machado, presidente do Irga.
A constatação veio em um giro técnico pelo Estado, no início do ano. Diretora técnica do instituto, Flávia Tomita conta que os arrozeiros pediam alternativas à rotação, o que motivou o engajamento. Foi realizado um treinamento dos técnicos e, agora, será organizado esse seminário para os produtores. A proposta é que o Irga preste o suporte técnico nessa empreitada.
— Em todas as regionais, teremos unidades demonstrativas, para acompanhar e trocar informações — completa Flávia.
A experiência obtida na dobradinha com a soja, ajuda nessa nova etapa, mas o milho tem exigências específicas de manejo. A cultura é extremamente sensível aos dois extremos, de falta ou excesso de umidade. O que requer um sistema de irrigação, que o arroz já oferece, mas um cuidado extra com drenagem.
O movimento conversa com a proposta do programa Duas Safras, para expansão da produção de grãos e alternativas à indústria de aves e suínos. A pouca disponibilidade de milho inflou custos com ração.
— Estamos buscando as alternativas efetivas para mudar o futuro. Não dá mais para viver na dependência do clima, do que acontece no mercado interno — reforça José Eduardo dos Santos, presidente-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).