Para o produtor que sofre com a estiagem e vê a produção minguar, dia após dia, a cada chuva que não vem, os dados estatísticos nem sempre acompanham a realidade vivenciada. As contas das perdas, importante lembrar, refletem a média no todo do Estado. E só param de ser feitas quando as máquinas encerram o trabalho da colheita. Até lá, os números vão sendo atualizados, e o que vale hoje pode não ser mais o retrato fiel na próxima semana.
Em levantamento apresentado na sexta-feira, a Emater traz a matemática capturada no momento da coleta dos dados. Na soja, a projeção é de uma redução de 43,84% em relação à expectativa inicial, ficando com um volume de 11,2 milhões de toneladas. Uma perda de mais de 8 milhões de toneladas, com prejuízo de faturamento de R$ 37,8 bilhões, conforme as cotações de 10 de fevereiro.
– Estamos falando do dado desta semana. Há alguns municípios que terão uma safra muito próxima ao normal, porém há os que perderam tudo – diz Alencar Rugeri, diretor técnico da Emater, em relação ao mapa das perdas, com bolsões menos afetados dentro de bolsões com perdas.
Outro dado importante vem da área cultivada com o grão, que ficará levemente abaixo da previsão inicial.
No milho, o recuo está estimado em 54,7% sobre o início do ciclo. A colheita fica agora em 2,77 milhões de toneladas. Em receita, são R$ 5,3 bilhões que deixarão de entrar. Há ainda a redução expressiva do milho silagem, quase 69%, o que traz reflexo também para a produção de leite. No arroz, a perda, por ora, está estimada em 3,9%.
Muita coisa ainda pode ficar diferente até a conclusão da safra. Mas o que foi perdido não pode ser recuperado. É o que está no campo, com alguma chance de produzir, que ainda precisa da chuva na medida para salvar pelo menos um pedaço da lavoura.