Redes de pesca rasgadas e peixes destroçados voltaram a ser cenas comuns na região do Rio Jacuí. É a invasão das palometas ou piranhas-vermelhas, que começou a ser percebida por pescadores no mesmo período do ano passado, e impacta novamente o setor. Agora, o receio das autoridades locais é de que esses animais estejam mais próximos ao Lago Guaíba, porque já foram comunicadas ocorrências da espécie no Rio dos Sinos. Até então, os registros estavam restritos às proximidades da bacia do Rio Uruguai até municípios como Triunfo e Charqueadas e o Rio Taquari.
— Com essas chuvas que ocorreram nos últimos dias, esses animais podem ter descido a corrente dos rios e já ter chegado ao Guaíba. Até porque a espécie prefere lago do que corredeira — projeta o analista ambiental do Ibama, Maurício Vieira de Souza.
Na tentativa de monitorar o problema, o Ibama voltou a circular um formulário virtual entre as prefeituras e os meios de comunicação. No ano passado, também foi feito um trabalho semelhante para localizar os animais. A ideia é que qualquer pessoa possa comunicar a ocorrência da espécie, informando detalhes como a sua localização, fotos, destino do animal capturado, quantidade e se eram fêmeas ovadas.
Outra iniciativa que está sendo coordenada pelo Consórcio Público de Saneamento Básico da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Pró-Sinos) é um seminário para as próximas semanas. A proposta do evento é reunir novamente as prefeituras, instituições de ensino, órgãos do meio ambiente federal, como o Ibama, e estadual, como a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura, pescadores profissionais, Ministério da Agricultura e Secretaria da Agricultura para projetar soluções, como a pesca amadora ou profissional.
— A grande questão é como enfrentar o problema com ele acontecendo. Muitas vezes, não se tem alcance técnico nem logístico para tomar medidas e elas têm que ser analisadas para não impactar mais ainda as populações que vivem debaixo da água — pontua Souza.
As medidas para o enfrentamento dessa invasão acabaram perdendo força no ano passado, de acordo com o analista ambiental, por causa de pelo menos dois fatores: clima e período de defeso. Até maio, pescadores registraram cada vez mais a ocorrência da espécie. Com o início de dias mais frios, é normal que a atividade desses animais também diminua, explica. E quando começou a esquentar novamente, veio o período de defeso, que fez com que os pescadores parassem de trabalhar
Para recordar
A espécie apareceu em fevereiro do ano passado em águas gaúchas. A hipótese é de que tenha vindo da bacia do Rio Uruguai, por meio do transporte ilegal para uso do animal em aquários.
*Colaborou Carolina Pastl