Assim como o consumidor, que pode acompanhar a inflação de produtos e serviços, todos os meses, por meio do IPCA, o produtor de leite do Rio Grande do Sul passará a ter uma ferramenta para monitorar a evolução de despesas com peso significativo na atividade. O indicador, batizado de Índice de Insumos para a Produção de Lei Cru (IILC), foi oficialmente apresentado, ontem, em meio à programação da 43ª Expoleite e 16ª Fenasul, no parque Assis Brasil, em Esteio. E surge de uma iniciativa conjunta de entidades representativas do setor, com a condução da assessoria econômica da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
— O objetivo é poder oferecer essa informação, empoderar o proutor na argumentação no momeno de negociar, de tomar decisões, fazer planejamento — destaca Márcia Müller coordenador da Comissão de Leite e Derivados da Farsul.
O índice é formulado a partir de insumos que, somados, representam 80% dos custos de produção no leite. Entram nessa lista seis itens. O primeiro, com a maior fatia, é o concentrado, que trará a variação mensal da média ponderada do preço da saca de milho e a de soja. O segundo, o volumoso, que acompanha a alteração dos valores de silagem. Depois vêm adubação, suplemento mineral e combustíveis.
— O índice permite que o produtor olhe para o seu negócio como um empresário. Quanto mais cedo souber o que está acontecendo, maiores são as chances de tomar as decisões corretas — pontuou Antônio da Luz, economista-chefe da Farsul.
Com atualização mensal, essa informação poderá ser acessada em breve por qualquer pecuarista, a partir do banco de dados disponibilizados pela entidade. A partir do segundo semestre, passa a ter relatórios consolidados, como os índices de inflação do agronegócio. Responsável pelo índice, o analista de conjuntura econômica Ruy Silveira Neto explica que será possível saber o quanto esses itens estão impactando no dia a dia da produção.
— A questão dos números é fundamental para que a atividade siga sobrevivendo. O leite é um produto de extrema nobreza, que tem de ser mantido de uma forma rentável — pontuou Claudio Nery Martins, presidente da Associação de Criadores de Jersey.
O comparativo entre a curva do índice, dos preços pagos ao produtor e os do varejo, mostra que os insumos têm aumentado de valor em uma velocidade bem acima dos preços recebidos.
— Esse quadro evidencia que o produtor está muito pressionado pelos custos e mostra como essa pressão já vem acontecendo há algum tempo — completa Silveira Neto.