Frito, mexido, cozido ou como ingrediente de receitas, o ovo mais do que caiu no gosto do brasileiro. A combinação do status "fit" com preço acessível da proteína a consolidou no cardápio diário do país. Prova disso está nos números de consumo per capita. Nos últimos 11 anos, teve um incremento de 72% na média do Brasil, que fechou 2021 em 255 unidades, um recorde. No Rio Grande do Sul, a preferência é ainda maior, chegando a 265 ovos per capita por ano, segundo a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).
— O consumo de ovos cresceu ao longo do tempo, seja pela alta do preço da carne, que fez com que muitas pessoas migrassem para proteínas mais baratas, seja pela mudança de discurso dos médicos, que mudou a condição do ovo de vilão para “herói” da alimentação — observa José Eduardo dos Santos, presidente da Asgav.
E se é verdade que o consumo cresceu, os preços também registram uma trajetória de alta. Levantamento da plataforma colaborativa Numbeo mostra que entre 21 países da continente americano, o Brasil ocupa a 16ª posição no ranking dos maiores preços do ovo. Olhando apenas para a América do Sul, fica em quinto, com Chile, Uruguai, Equador e Venezuela (veja no gráfico) à frente.
Outro portal, o Cuponation elaborou uma pesquisa que mostra o percentual gasto com a proteína por ano: 16%. O número resulta da relação entre o valor do salário mínimo calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de R$ 1212, com os dados de consumo per capita da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e os preço do produto do banco de dados Numbeo.
— O preço do ovo aumentou, sim, por causa da estiagem. O desempenho das aves diminuiu, e houve granjas que registraram até morte de animais pelo calor. E o milho, que representa 60% da ração das galinhas, mais do que dobrou de preço em um ano. É inevitável que o produtor tenha que repassar os custos adiante. Sem contar que o salário mínimo estagnou, não se corrigiu com a inflação — argumenta Santos.
*Colaborou Carolina Pastl