A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Filtrar o que há de mais moderno chegando ao mercado em termos de tecnologia e inovação para a realidade do produtor gaúcho está entre as atribuições diárias de Alexandre Doneda, gerente de produção vegetal da Cotrijal. O filtro, contou à coluna, envolve realizar testes de manejo e de produtos na área experimental da cooperativa e validar que cada aperfeiçoamento chegue ao campo com a segurança necessária para garantir produtividade e rentabilidade.
Otimista com a volta da Expodireto Cotrijal, que começa nesta segunda-feira (7), em Não-Me-Toque, após hiato de dois anos devido à pandemia, Doneda frisa que a feira é momento crucial para aproximar o produtor do que está sendo desenvolvido pelas pesquisas:
– O que há de melhor em tecnologia a nível mundial estará presente para os nossos produtores.
Conheça mais sobre a trajetória e trabalho deste profissional:
O que faz um gerente de produção vegetal?
Fazemos uma gestão funcional do nosso departamento técnico, que é um apoio aos gerentes lá na ponta, especialmente na parte técnica. Está sob nossa gestão a área experimental da cooperativa, onde testamos e validamos manejos e produtos. Também fazemos a gestão da área de meio ambiente e a gestão de programas específicos, como a tecnologia de aplicação. Temos um setor focado em plataformas digitais, tecnologia 4.0, com área de validação nesse sentido também. Além de todo o mapeamento de mercado da cooperativa, de potencial de áreas, gestão das carteiras dos produtores. Temos diferentes regiões, então personalizamos as informações para cada realidade dos produtores que são nossos associados.
Como foi o caminho até chegar à posição atual?
O início da minha formação na área agrícola foi como técnico em agropecuária. Depois, cursei Agronomia na Universidade Federal de Santa Maria e, de imediato após a formação, fiz mestrado e doutorado na área de ciência de solo, também na UFSM. Ainda tive um período de pós-doutoramento pela UFSM. Ingressei na Cotrijal como analista de conservação de solos. Depois, assumi a coordenação técnica de difusão da cooperativa e, agora completando um ano, assumi a gerência da área de produção vegetal da cooperativa.
Como estão as pesquisas na área? O que vê de avanços?
O agro está em constante desenvolvimento. Diariamente chega uma série de novas tecnologias em todas as áreas, desde solo, manejo fitossanitário, sementes, enfim. E cabe a nós fazermos um filtro do que está chegando no mercado. Esse filtro envolve fazer os testes na área experimental e validar em campo para que quando essa inovação chegue ao produtor rural, ela chegue com segurança e a confiabilidade de que realmente vai entregar produtividade e rentabilidade ao negócio. Quando falamos em tecnologias digitais, há uma série de plataformas novas de software, de gestão, de modernização das máquinas. É uma enxurrada de informação e cabe a nós fazermos esse filtro para que chegue de forma assertiva e efetiva aos produtores.
O quanto essas inovações já são realidade, especialmente para o pequeno produtor?
Temos inovação para todo e qualquer produtor, do pequeno ao grande. Cabe a nós, como cooperativa, olhar o que é melhor e mais efetivo para cada tipo de produtor e cada perfil de associado nosso. Esse é o nosso filtro. Mas tem inovação para todo o segmento, sem dúvida.
Que características um profissional da área tem que ter?
Precisa ser um profissional dedicado, ativo, que tenha bom relacionamento, atitude, dinamismo, velocidade... Tem que ter sede por inovação, conhecimento e tecnologia.
E quais os desafios da atividade?
O principal desafio é estar atualizado. Saber discernir tudo o que chega ao mercado para poder levar a melhor informação ao produtor. É necessário muito estudo e muito acompanhamento do que está acontecendo no mundo, tanto da parte técnica, quanto da parte de tecnologia e inovação. Na nossa economia globalizada, não tem como não estar ligado em tudo o que está acontecendo no mundo.
Como é feito o intercâmbio de conhecimento para se manter atualizado?
Temos contatos com um grande número de instituições de ensino, que são as universidades, e de pesquisa, como a Embrapa e a CCGL, que é a nossa Cooperativa Central que trabalha com pesquisa. Trabalhamos constantemente conversando e discutindo com os pesquisadores e também através de estudos, cursos e treinamentos.
A volta da Expodireto contrasta com a maior estiagem dos últimos anos. Como vê o cenário?
Estamos otimistas com o retorno. Vai ser uma feira fantástica. E o que há de melhor de tecnologia a nível mundial estará presente para os nossos produtores. Apesar desse ambiente de estiagem, convidamos os produtores que mesmo assim venham à feira. Precisamos virar essa página, claro que não é fácil, mas já olhar para o futuro, pensar nas próximas safras que já estão se aproximando. A feira é muito importante para isso, inclusive para discutir: com esse cenário que estamos enfrentando, o que podemos aprender com ele e melhorar no nosso sistema de produção daqui para frente?