Filha de um taxista, Patricia de Souza Gomes sempre esteve perto da profissão que hoje exerce, de motorista profissional.
Curiosa desde criança, aprendeu a dirigir cedo. E acabou encontrando no CTG de Cotia, cidade do interior paulista de onde é, o incentivo para dirigir carretas. Hoje, integra o time de 16 mulheres que estarão à frente dos caminhões elétricos e a gás natural, parte de iniciativa pioneira desenvolvida pela AGCO em parceria com a Coopercarga.
Nesta entrevista, ela conta um pouco da história e da rotina na atual função.
Como é ter a responsabilidade de fazer parte um projeto inovador como esse?
Tem quatro meses que trabalho com caminhão elétrico. Fizemos um curso. É o que nós queremos, um mundo mais limpo, usar uma energia sustentável. É a geração que queremos, para não poluir. E daqui alguns dias, teremos as placas solares para abastecer.
Como foi sua entrada na profissão, ainda majoritariamente masculina?
Venho de experiência com a frota a diesel e, desde que comecei, tenho muito orgulho. Sempre fui muito bem recebida, ajudada, amparada. Tem mais ou menos 10 anos que dirijo carreta. Sou filha de taxista, e meu pai sempre teve micro-ônibus. Fui uma criança muito curiosa. Quando fui tirar minha habilitação, ele já tinha o micro, aí tirei na categoria D também. Ele disse para eu tirar E (para carreta, o que veio depois). Passei 12 anos trabalhando em uma concessionária de veículos. E lá tinha carreta prancha, caminhão cegonha, e comecei a mexer. Uma vez precisaram trocar de lugar um desses veículos e me prontifiquei, e ali me descobri.
E a mudança de carreira veio quando?
Conheci meu marido, um gaúcho de Passo Fundo, em um CTG de Cotia. Ficamos amigos, e me despertou o interesse em carreta. Saí da empresa e fui para a estrada com ele. Nos casamos, e parei um tempo para ter a nossa filha, hoje com quatro anos. E decidi voltar para a estrada.
O que diria ou que dicas daria para mulheres que desejam ter uma carreira de motorista profissional?
Hoje as coisas estão mudando, as mulheres estão empoderadas. Lugar da mulher é onde ela quiser. Tanto que os donos (de empresas de transporte) preferem mulher. Os caminhões são bem cuidados, temos menos acidentes, as mulheres são mais cuidadosas. Outro diferencial é saber conversar e lidar com clientes.
Seu marido lhe incentiva na atividade?
Tenho certeza de que meu marido tem orgulho de mim, foi ele quem me ensinou (a atividade). Hoje, ele é trader na bolsa e fica com a nossa filha, leva para a escola. Eu saio de casa às 4h da manhã para trabalhar.
Operacionalmente falando, como é a condução de um veículo elétrico?
O veículo tem a rota calculada, a quilometragem que anda quando está com toda a carga. E na nossa base tem carregador. Você precisa calcular. Chego na empresa, meu caminhão está 100% carregado, vejo minha rota. Se não der para completar o caminho, procuro uma base da empresa para poder voltar com segurança. Meu trajeto (usual) tem duas possibilidades de carga, uma delas em um posto de combustíveis. Em 40 minutos, consegue dar uma carga de 100%.