O ano de 2021 será daqueles para o agronegócio gaúcho guardar na memória. O alinhamento singular de fatores como produção farta e valorizada fez com que os negócios externos chegassem ao maior patamar nominal da série histórica do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento. As exportações do setor alcançaram US$ 15,3 bilhões, o que representa aumento de 52,4% em receita e de 28,4% em volume sobre o resultado de 2020. Na linha de frente dos negócios ficaram soja, carnes e produtos florestais, que juntos responderam por US$ 11,6 bilhões, em valores arredondados.
— Foi um ano que marcou o reestabelecimento da produtividade da safra de verão, em relação a 2020, e de escalada de preços. Teve safra cheia e bons preços para diversos produtos — destaca o economista Sérgio Leusin Júnior.
Na soja, chama a atenção o resultado obtido no quarto trimestre, período em que o grão usualmente já não tem mais expressividade nos embarques em razão da sazonalidade. De outubro a dezembro de 2021, o faturamento cresceu 88,4% sobre igual período de 2020. É claro que há de se considerar, ainda, a base de comparação, já que o ano anterior havia sido de estiagem, com reflexos importantes no volume colhido.
Leusin Júnior cita o apetite maior da China por soja e milho, para a produção animal local, como um dos impulsionadores do desempenho das vendas externas gaúchas. Com outros "elementos transitórios", como a dificuldade do escoamento da safra argentina e estoques globais em níveis baixo, ajudou a valorizar os produtos agropecuários no mercado internacional.
Outro segmento de destaque foi o de carnes. O faturamento com os embarques derrubou o até então melhor resultado, que era de 2008, chegando a US$ 2,33 bilhões. Quadro que não deve se repetir neste ano:
—Só pelo ponto de vista estatístico seria difícil crescer em cima do "topo da onda". Uma conjunção de fatores impulsionou o preço das commodities (no ano passado). Associado a isso há os custos de produção bastante majorados, e uma renda reprimida no Brasil, com escoamento (externo) limitado. O ano de 2022 será desafiador para o setor de carnes.
Embargo chinês
A suspensão temporária da compra de carne bovina pela China, principal comprador da proteína brasileira, pesou também no resultado das exportações do quarto trimestre do Rio Grande do Sul. Em novembro de 2021, as vendas zeraram em volume. O economista do DEE explica que, com base na quantidade e nos valores de igual mês de 2020, a perda estimada do Estado é de US$ 16,8 milhões.