Diante da tempestade perfeita imposta pela conjuntura, o Rio Grande do Sul finalizou o terceiro trimestre com uma marca histórica nas exportações do agronegócio. Os US$ 4,8 bilhões de receita obtida no período são o maior valor nominal da série elaborada pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria Estadual de Planejamento, Governança e Gestão. A quantia supera o até então melhor resultado para esse período, que era de julho a setembro de 2013, e representa um aumento de 59,5% sobre igual intervalo de 2020. Mais do que isso, traz a perspectiva de que se encerre o ano com desempenho igualmente recorde.
– É possível que se supere o ano de 2013, quando as exportações do agronegócio foram de US$ 13,4 bilhões – observa Sérgio Leusin Júnior, economista do DEE.
Faltando ainda os três meses finais para entrar na conta, a cifra soma US$ 11,52 bilhões no acumulado do ano. É claro que no trimestre final, um dos principais puxadores de embarques, o complexo soja, tende a diminuir o ritmo, em razão da entrada da safra americana no mercado global. Ainda assim, o bom desempenho de outros produtos faz com que seja possível chegar ao maior nível nominal.
O volume recorde colhido na safra de verão ajudou a alongar o calendário de embarques da soja, que via de regra tem no segundo trimestre o seu melhor momento do ano. O economista explica que, no ano passado, o produto acabou "saindo um pouco antes". Quem tinha soja (2020 foi ano de quebra por estiagem), "vendeu o mais rápido possível".
– Uma parcela significativa do crescimento (no terceiro trimestre) é explicada pelo retorno da produtividade, principalmente da soja. Mas o principal ingrediente é a valorização dos produtos agropecuários. O movimento de preço é o principal vetor – completa Leusin Júnior.
E, embora a pandemia tenha trazido um ingrediente temporário na composição das cotações, que poderá fazer os preços se reacomodarem, o economista reforça que o patamar não volta mais ao que era antes:
– Há uma tempestade perfeita para a sustentação.
Outro destaque nas exportações do agro em 2021 têm sido as carnes. Da receita acumulada até setembro, representam 15% (somando todas as proteínas). Como a China é o principal destino, a suspensão das exportações de carne bovina pode trazer um impacto no resultado do terço final dos embarques.