A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Os efeitos severos da estiagem no campo ampliam a cada dia os prejuízos contabilizados pelos produtores. Os estragos se refletem no aumento da demanda por cobertura de seguro rural como forma de socorro às intempéries.
Segundo a Emater, os comunicados de perdas para uso do Programa de Garantia de Atividade Agropecuária (Proagro) já somam 6.139 no Rio Grande do Sul desde o dia primeiro de outubro. Deste total, 4.545 são só para a cultura do milho, representando 74%. O grão é o mais afetado pela escassez hídrica, com redução da produção que chega a 60% em relação ao início do ciclo.
O Proagro é voltado a pequenos e médios produtores e garante o pagamento de financiamentos rurais de custeio agrícola quando a lavoura amparada tiver perda por eventos climáticos ou pragas e outras doenças. A Emater é uma das instituições responsáveis por fazer os laudos das perdas a campo, necessários para a liberação do seguro nas lavouras.
O aumento na demanda indica que as perdas estão se ampliando em todas as regiões. Já são mais de 200 mil propriedades atingidas por efeitos da estiagem no Estado, segundo a Emater. Só na produção de grãos, são cerca de 115 mil agricultores atingidos.
As regiões de maior incidência de comunicados de perdas de Proagro são Ijuí, Santa Rosa e Frederico Westphalen. Há também uma tendência crescente para Erechim e Passo Fundo, conforme a Emater.
Na corretora gaúcha Tovese, da multinacional MDS Brasil, 100% das apólices de seguro rural para a cultura do milho já foram acionadas em virtude da estiagem. Nas plantações de soja, os comunicados ainda não são tão altos, chegando em torno de 10% das lavouras seguradas. Mas o prognóstico não é dos melhores em razão da pouca perspectiva nos próximos dias.
— A tendência é bem complicada daqui para frente porque o estrago está se desenhando muito significativo. Mas também não dá para se precipitar. Quem contratou seguro está tranquilo porque vai ter a despesa paga. Se tiver que acionar, vai amenizar muito a situação — avalia Otávio Simch, diretor-executivo da MDS Tovese.
A corretora possui cerca de 8 mil apólices no Rio Grande do Sul. Para Simch, diferentemente do Proagro, cuja operação é feita por bancos autorizados, o seguro rural privado permite pagar os investimentos do produtor e ainda reservar algum recurso para conseguir tocar a atividade.
— Já tem um bom grupo que está se protegendo e ano a ano vem crescendo a aceitação do seguro. Precisamos chegar a ter todas as áreas seguradas porque no Rio Grande do Sul esses eventos já mostraram que são cíclicos — diz o diretor-executivo.