A chuva voltou, mas ainda não é uma realidade em todos os municípios do Rio Grande do Sul. Dados da rede de 64 estações meteorológicas do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro) e da Inmet mostram que, no acumulado entre as 9h de ontem e de domingo, as precipitações variaram de zero a 38,4 milímetros. Ou seja, há pontos onde não choveu e outros onde o volume é considerado muito bom.
– A chuva ficou concentrada mais ao sul e ao leste – completa Flávio Varone, meteorologista da Secretaria da Agricultura e coordenador do Simagro.
Em Cambará do Sul, por exemplo, foram 36,6 milímetros. Em Bento Gonçalves, cinco milímetros. Já em Vacaria, Santo Augusto e Alegrete, não caiu uma gota.
Diretor técnico da Emater, Alencar Rugeri reforça o que mostram os índices pluviométricos: houve irregularidade na distribuição.
– A chuva foi muito variada, mas veio, isso já ajuda. A única forma de começar a enxergar uma luz é a retomada da precipitação – pondera Rugeri.
Na primeira quinzena de dezembro, Maiquel Junges, produtor de Não-Me-Toque, no norte do Estado, e coordenador regional dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais do Alto Jacuí, havia relatado e registrado em vídeo as perdas que se acumulavam nas lavouras de milho. Perguntado pela coluna sobre os últimos dias, respondeu:
– Não choveu nada. A soja está indo pelo mesmo caminho do milho, que se perdeu grande parte, mais de 90%.
Presidente da Cotrijal, cooperativa que tem sede em Não-Me-Toque, Nei César Mânica afirma que a situação segue complicada na região:
– É preciso normalizar a chuva para que ainda se possa ter uma safra razoável na soja.
Há áreas que ainda não puderam sequer ser semeadas e outras que precisaram ser replantadas em razão das condições climáticas desfavoráveis. Presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado, Décio Teixeira diz que medição feita da temperatura na superfície do solo indicou 50ºC.
– Na região de Uruguaiana tem regiões onde a soja torrou, lavouras grandes, caprichadas – descreve o dirigente.
Coordenador da Defesa Civil do Estado, coronel Júlio César Rocha Lopes observa que a chuva foi importante para apagar focos de incêndio no Interior. Ressalva, no entanto que são irregulares:
– A estiagem continua.