No radar das grandes preocupações do setor produtivo neste momento, as perdas que se acumulam nas lavouras de milho do Rio Grande do Sul também acendem o alerta para a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS). A entidade fez ontem a avaliação do ano e as projeções para o próximo. O destaque positivo em 2021 fica por conta do faturamento do segmento, que foi 49,2% superior ao acumulado em 11 meses de 2020, somando R$ 28,9 bilhões.
É em relação ao cenário futuro que a situação da falta de chuva pesa. Primeiro, pelo impacto direto da redução da colheita que era esperada. Segundo, pelos efeitos indiretos, igualmente importantes, pondera o presidente da entidade. Que vão da potencial ampliação da alta de custos, já que o grão é usada na ração de aves e suínos, até a perda de rentabilidade dos associados.
— Produtor com menos renda usa menos insumo, investe menos — pondera Paulo Pires, presidente da Fecoagro.
Levantamento da Rede Técnica de Cooperativas (RTC) do final de novembro apontava perdas de 29,4% nas lavouras de milho, em relação à expectativa do início do ciclo. De lá para cá, segundo Pires, "a coisa só piorou":
— É muito preocupante, não temos toda a área de soja plantada e há quebra estruturada no milho. Diria que hoje deve ter mais de 50%.
Considerando o valor de R$ 81 pela saca, o volume perdido já representa redução de cerca de R$ 2 bilhões no faturamento, projeta Tarcísio Minetto, economista da Fecoagro-RS.