Depois da reação causada com a informação de que teria determinado a suspensão da produção de carne bovina voltada ao atendimento do mercado chinês, o Ministério da Agricultura esclareceu, em nota, que não havia nada de diferente em relação ao documento de 4 de setembro, quando foi notificado o cancelamento da certificação e dos embarques para o país asiático.
A mudança, segundo o órgão, tem relação com a permissão para que os frigoríficos possam armazenar em contêineres refrigerados o produto já processado que ocupa as câmaras frias por um prazo de 60 dias. O que era uma demanda das indústrias em razão do prolongamento do embargo, que já dura mais de 40 dias. A comunicação foi feita via ofício interno.
O fato é que a demora alimenta especulações. A própria Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) manteve a classificação do Brasil como sendo de risco insignificante para a vaca louca, após a comunicação de dois casos da encefalopatia espongiforme bovina, nome oficial da doença.
A suspensão das exportações veio em razão dos protocolos entre os dois países. A demora na solução e a ausência de sinalização da outra parte são o maior “custo” do processo.
– O pior de tudo é a incerteza – pontua Júlio Barcellos, coordenador do Nespro/UFRGS.
Com uma fatia pequena dentro das exportações de carne bovina para a China (em setembro, 4,22% do volume total), o Rio Grande do Sul igualmente sente o golpe trazido à atividade por conta do embargo à exportação ao país asiático. A forma não é tão direta quanto outras regiões do país, como a Central, mas como o setor é feito de vasos comunicantes, quando um fluxo interrompe, afeta os demais.
O principal efeito colateral da não retomada é o atraso em um movimento natural do mercado gaúcho. O final de outubro, início de novembro costuma ser o período de recuperação dos valores ao produtor. Entre agosto e setembro, a necessidade de liberar áreas para a soja amplia a oferta de animais e reduz as cotações.
– O impasse com a China participa do cenário todo que está atrasando ou freando essa retomada – pontua Fernando Velloso, da FF Velloso & Dimas Rocha Assessoria Agropecuária.