As macieiras estão em plena florada em todo o Estado. E as flores (ou a falta delas) indicam que a próxima safra pode ficar menor. O volume de maçã colhido neste ano, de 630 mil toneladas, foi recorde e fez do Rio Grande do Sul o maior produtor nacional da fruta. A Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã (Agapomi) estima que a queda seja de 15 a 20%. A razão para a projeção vem dos pomares, explica o presidente da entidade, José Sozo:
— Notamos, principalmente na variedade fuji, que há mais folhas do que flores (como as flores nascem primeiro, isso quer dizer que não haverá mais floração onde nasce folha). No ano passado, as macieiras pareciam verdadeiros vestidos de noivas.
O engenheiro agrônomo José Alexandre Padilha de Souza, que assessora 11 pomares em Vacaria, principal município produtor da fruta no país, explica tecnicamente o que tem ocorrido:
— O pegamento da fruta (quando ocorre a formação do fruto) compete em nutrientes com a folha e, assim, acontece um abortamento natural das flores.
Ainda que essa situação fosse esperada, já que a alternância é característica da espécie e neste ano houve uma supersafra da variedade, as chuvas de agosto para cá também prejudicaram, afastando as abelhas do pomar.
Em relação à remuneração, no entanto, Sozo considera que essa safra trará mais frutos positivos do que a deste ano. Para se ter uma ideia, por causa da falta de contêineres, a Agapomi estima que o setor deixou de exportar 50 mil toneladas da fruta, o que reduziu o preço internamente. Mesmo assim, os embarques cresceram de 75 mil para cem mil toneladas de 2019/2020 para 2020/2021.
Atualmente, a Agapomi estima que área de cultivo no RS seja de cerca 14 mil hectares.
*Colaborou Carolina Pastl