O Rio Grande do Sul deve fechar a safra da maçã com produção maior do que a de 2020. A expectativa é de pelo menos 50 mil toneladas a mais, ficando na casa das 550 mil toneladas. As condições climáticas muito favoráveis ao longo de 2020 garantem o saldo positivo. Não chega a ser uma supersafra, mas dentro da média, o que já é motivo de comemoração entre os produtores.
Agricultor de São Luiz da Sexta Légua, no interior de Caxias do Sul, Darci Menegotto deve totalizar uma colheita de 210 toneladas. Já foram 110 da maçã Gala e, antes do final do mês, irá colher mais 100 toneladas da Fuji. Em 2020, colheu 60 toneladas de cada variedade nos seis hectares da propriedade da família. Além de maior quantidade, tem melhor qualidade a safra deste ano, segundo ele.
— Está muito boa. Qualidade e quantidade boas — diz.
A produção da família, que planta maçã desde o final dos anos 1980, abastece mercados locais e a Cooperativa de Agricultores e Agroindústrias Familiares de Caxias do Sul (Caaf). Também é enviada para estabelecimentos de Santa Maria, no centro do Estado.
Engenheiro agrônomo do escritório municipal da Emater de Caxias, Mauro Tessari reforça que, de fato, a fruta deste ano está com qualidade excelente.
— O inverno colaborou, fez frio na época certa. As condições climáticas foram favoráveis. Na safra passada, teve chuva em excesso. Agora é uma safra normal — explica.
O município de Caxias, que está entre os maiores produtores de maçã do Estado, tem 2,6 mil hectares de área plantada da fruta. Neste ano, a expectativa é de uma safra em 96 mil toneladas. No ano passado, os produtores caxienses colheram, conforme a Emater municipal, 70 mil toneladas. A colheita começou em janeiro e deve ser concluída até a metade do mês.
Produtor colheu 25% mais e fruta melhor
No maior produtor de maçã do Estado, mais de 200 mil toneladas da fruta já foram colhidas. A safra, em Vacaria, deve ficar entre 240 e 260 mil toneladas. Em 2020, foram 254 mil toneladas, conforme a Emater municipal. A produção na cidade e nos municípios da região dos Campos de Cima da Serra representa 85% da maçã colhida no RS.
São 6.672 hectares de área plantada e 70 produtores — grandes produtores, na maioria dos casos — em Vacaria. Mas há propriedades menores, como a de Maicon Orlandi, onde a colheita já foi finalizada. Ele colheu cerca de 180 toneladas das variedades Fuji e Gala, número 25% maior do que a da safra passada. A qualidade está melhor: cor, tamanho e sanidade.
— Para nós foi uma safra normal comparada à de anos anteriores, com qualidade superior, inclusive no sabor. É bom se levar em consideração os fatores climáticos da safra passada, como inverno fraco, frio tardio e seca. Dá para perceber que as plantas se recuperaram bem e atingiram uma produção boa — diz Orlandi, que comercializa as maçãs para empresas da região.
O preço pago ao produtor neste ano em Vacaria está entre R$ 1,75 e R$ 1,85, considerado bom, já que, em anos anteriores, era menor.
De Vacaria para o mundo
Além de abastecer o mercado nacional, a maçã de Vacaria chega a diferentes países. A Rasip, pioneira na exportação da fruta (comercializa para o Exterior há 35 anos), entrega para Rússia, Índia, Dinamarca, Inglaterra, Irlanda, Holanda, Portugal, Bangladesh, Omã, Arábia Saudita e Líbia. O mercado internacional absorve 30% da produção da empresa do grupo RAR.
Neste ano, a Rasip já encerrou a colheita da Fuji (cerca de 50 mil toneladas) e iniciou a da variedade Gala. A safra total deve fechar em 70 mil toneladas – 30% maior do que a safra passada.
— A qualidade está excelente. O inverno foi bom. O tamanho está bom, melhor que no ano passado, tem bastante cor. É ótimo para exportação, os países gostam de calibre maior — destaca Sergio Martins Barbosa, diretor-superintendente da RAR.
Para garantir a colheita de um volume tão expressivo, 2,5 mil trabalhadores foram contratados nesta safra. Por causa da pandemia, os cuidados foram redobrados nos alojamentos.
— Muita gente vem de fora. Tivemos de adotar protocolos específicos. Foi muito baixa a incidência de covid entre os trabalhadores — acrescenta Barbosa.
Conforme estimativa da Emater, cerca de 15 mil pessoas, de diferentes Estados brasileiros, foram contratados para a safra em Vacaria.