Uma diferença de R$ 4,05 mil por hectare, para mais ou para menos. Essa é a matemática que resulta apenas de uma das tantas contas possíveis a partir dos resultados do Ensaio de Cultivares em Rede Soja, realizado por Federação da Agricultura do Estado (Farsul) e Fundação Pró-Sementes, na safra colhida neste ano no Rio Grande do Sul. No total, 39 cultivares foram testadas em 11 municípios de três microrregiões estabelecidas. A proposta da pesquisa, que se repete a cada ciclo, é dar subsídios para que o produtor possa fazer a escolha mais adequada à realidade do local em que produz, com dados que mostram as diferenças que nascem a partir da escolha da semente a ser usada.
— É das ferramentas mais importantes para o produtor ter à mão na hora do plantio — reforçou Gedeão Pereira, presidente da Farsul, na apresentação dos resultados, nesta quinta-feira (15).
Gerente de Pesquisa & Desenvolvimento da Fundação Pró-Sementes, Kassiana Kehl avalia que, de forma geral, foi um bom ano para cultura da soja, apesar da variabilidade climática no Estado na safra 2020/2021. Razão que reforça a importância de buscar os melhores resultados dentro dos fatores que o produtor pode controlar, como é o caso da semente.
Em um dos exemplos destacados, o resultado financeiro da escolha entre a cultivar de maior e a de menor rendimento em Passo Fundo, no Norte, é evidenciado. A maior produtividade do município foi de 109 sacas por hectare (6.540 quilos). A menor, de 82 sacas por hectare (4.920 quilos). Uma diferença de 27 sacas por hectare na produção. Que, multiplicadas pelo valor médio de R$ 150 a saca, representa R$ 4,05 mil por hectare. No cálculo dos custos, a semente tem um peso considerado pequeno, cerca de 8%.
— Se o produtor for economizar, que não seja na semente, porque ela define muito o potencial produtivo da lavoura — afirmou Kassiana.
Superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS), Eduardo Condorelli acrescenta que "a escolha da variedade é a garantia do padrão inicial da lavoura".
— O ensaio de cultivares é um guia para o produtor de soja no RS. Mostra que não há um melhor material, mas vários — ressalta o superintendente.
O melhor rendimento do Estado foi de 122 sacas por hectares, registrado em duas microrregiões diferentes, nos municípios de Pelotas (com variedade de ciclo precoce na 2ª época de semeadura) e de Santo Augusto (de ciclo precoce, na 1ª época de semeadura).
O presidente da Farsul destacou ainda o novo patamar de produtividade média obtido nas lavouras de soja no Estado. Com exceção de 2020, marcado pela estiagem, desde 2017, tem ficado acima dos 3 mil quilos por hectare (ficando em 3.433 quilos ou 57,2 sacas por hectare na média da colheita de 2021, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
EM DETALHES
- O Ensaio de Cultivares em Rede (ECR) de soja vem sendo realizado há mais de uma década em uma parceria da Federação da Agricultura (Farsul) e Fundação Pró-Sementes. No da safra 2020/2021, os testes foram realizados 11 municípios, dentro das três microrregiões produtoras do grão no Estado.
- A pesquisa foi em áreas de Pelotas, Cachoeira do Sul, Cacequi, São Gabriel, Bagé, São Luiz Gonzaga, Júlio de Castilhos, Santo Augusto, Passo Fundo, Lagoa Vermelha e Vacaria em duas épocas de semeadura.
- Foram avaliadas 39 cultivares definidas pela maior representatividade de hectares aprovados para produção de sementes e que são indicadas pelo Zoneamento Agrícola do Ministério da Agricultura para o RS.
- Os resultados de todos os Ensaios de Cultivares em Rede podem ser acessados, nos sites da Farsul (www.farsul.org.br) e da Fundação Pró-Sementes (www.fundacaoprosementes.com.br).