Ingrediente de quem busca alimentação rica em nutrientes e antioxidantes, o açaí tem uma "versão" própria do Rio Grande do Sul. É o que vem da palmeira juçara, e que é cultivado em áreas da Mata Atlântica, caso de municípios do Litoral Norte. Espécie de "prima" da fruta do norte brasileiro, comum na região amazônica, o açaí juçara ou açaí da Mata Atlântica tem diferenças. É o caso da cor, um violeta mais intenso, e da maior quantidade de antioxidante, explica Cristiano Motter, integrante da equipe técnica do Centro Ecológico.
A organização não governamental tem escritórios em Ipê, na Serra, e Dom Pedro de Alcântara, no litoral, onde presta assessoria a 21 famílias com registro para colher e comercializar frutos da juçara — necessária porque a espécie está ameaçada de extinção. Os produtores são de Três Cachoeiras, Três Forquilhas, Mampituba, Dom Pedro de Alcântara, Morrinhos do Sul e Torres. Em pleno período de colheita — que costuma ocorrer de abril a agosto, com variações, a região estima uma colheita em torno de 20 toneladas, semelhante ao ano passado.
Para alcançar o fruto, o agricultor precisa subir na palmeira, normalmente com escada, ou usar uma haste de ferro para trazê-lo para baixo.
Nas propriedades, o cultivo costuma ser em hortas ou bananais, formando um sistema agroflorestal, com a proposta de diversificação, observa Motter:
— É trazer os princípios de funcionamento de uma mata, de uma floresta para dentro da roça. São trazidas espécies nativas, não só a juçara, e é feito tipo um consórcio, um coletivo de plantas.
Processada, a polpa é vendida pela Cooperativa de Produtores Econativa a programas institucionais — do Exército e de merenda escolar —, quiosques no litoral catarinense, mercados na Grande Porto Alegre e feiras na Serra, no Litoral Norte e na Capital. Também é comercializada dentro da Cadeia Solidária das Frutas Nativas, rede baseada na economia solidária.
*Colaborou Isadora Garcia