Além das conquistas próprias esperadas com o novo status sanitário conquistado, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul têm uma vantagem coletiva. Formam dentro do país, o primeiro bloco livre de febre aftosa em vacinação. Condição com efeitos colaterais igualmente positivos, avaliam representantes do setor público e privado dos três Estados.
– Sempre é mais difícil convencer importadores com uma fração menor livre. Quando temos um bloco ou uma região, como é o caso do Sul, os argumentos ficam muito mais consistentes. Há o entendimento de que não é só uma política de um Estado buscar o avanço e, sim, nacional – avalia José Roberto Goulart, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS (Sips).
Embora a estratégia para efetivar os negócios seja individual, com a negociação sendo tocada pelas empresas interessadas em vender e os importadores, em comprar, o bloco dá envergadura.
– No âmbito político, de entender os códigos sanitários, requerimentos sanitários, técnicos, comerciais – entende Norberto Ortigara, secretário de Agricultura do Paraná.
Os paranaenses responderam no último ano por 40,19% das exportações de frango e 13,59% de carne suína. Com investimentos de diferentes empresas anunciados, Ortigara trabalha com a perspectiva de que a suinocultura dobre de tamanho em cinco anos.
O mais experiente do trio, Santa Catarina tem o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) desde 2007. Como a vacinação foi suspensa anos antes, tem um “know how” que pode ser compartilhado com os vizinhos. Tanto na forma de manter o status quanto no acesso a novos destinos. Os catarinenses são hoje os maiores exportadores de carne suína do Brasil, com uma fatia de mais da metade do total embarcado.
– Somamos esforços, até pela disposição geográfica. Amplia possibilidade de mercados, uma vez que estamos concentrados em uma microrregião com sanidade diferenciada no país – destaca Antonio Plinio de Castro Silva, presidente da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc).
Além da vantagem sanitária, os Estados do Sul concentram produção e negócios. Juntos, respondem por 91% dos embarques brasileiros de carne suína e 80% de frango.