O primeiro efeito prático do reconhecimento dado ao Rio Grande do Sul de zona livre de febre aftosa sem vacinação deverá ser a ampliação do mercado chinês para a carne suína. Hoje, o Estado já exporta a proteína para o país asiático. Com a evolução do status, no entanto, poderá incluir no cardápio cortes com osso e miúdos, que são valorizados pela China. Como já existe um protocolo firmado entre as duas partes, o processo é mais rápido do que em locais onde o produto ainda não entra. Motivo que faz a indústria projetar ainda para 2021 os primeiros embarques dentro do novo status sanitário.
— Nossa expectativa é imediata. Estamos trabalhando para que isso aconteça no curtíssimo prazo — reforça Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos (Sips) e presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa).
O dirigente acrescenta que toda a documentação sanitária que vem sendo produzida, desde o reconhecimento do RS como zona livre de aftosa sem vacinação pelo Ministério da Agricultura, já está com as autoridades chinesas. O próximo passo será encaminhar o certificado de homologação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, José Guilherme Leal explica que, a partir de agora, abrem-se tratativas individuais com cada país interessado:
— Já existia negociação em andamento. Agora, encaminhamos toda documentação. Alguns países fazem análise, demandam auditorias.
Entre as perspectivas que já vinham sendo trabalhadas, China, Japão e Canadá são os destinos mais promissores. Em relação ao mercado chinês, os gaúchos levam, na avaliação de Kerber, uma vantagem. O Estado tem oito das 16 plantas de suínos habilitadas para a exportação. Outras sete estão em Santa Catarina (que já era livre da doença sem vacinação) e uma no Mato Grosso, mas em área onde ainda se seguirá vacinando (o Estado tem apenas alguns municípios na zona dos sem imunização). Paraná, também reconhecido com o novo status, não tem nenhum frigorífico credenciado ao país asiático.
— O primeiro que deve auferir resultados desse reconhecimento (de zona livre de aftosa sem vacinação) é o Rio Grande do Sul, em razão dessa condição — reforça Kerber.
Apenas na ampliação dos negócios com a China, o benefício estimado para o RS é de cerca de 4 mil toneladas a mais por mês, somando 48 mil toneladas por ano. Multiplicando esse volume pelo valor da tonelada, o potencial é de acréscimo em torno de R$ 1,2 bilhão.
— Estamos prontos para sair mundo afora, intensificando os contatos com parceiros comerciais que entram no nosso horizonte a partir desse novos status sanitário, abrindo mercados, agregando valor à nossa proteína animal — disse o governador Eduardo Leite, ao avaliar a conquista da certificação.