Só com a carne suína, Rio Grande do Sul e Paraná poderão ampliar, juntos, em até 35% o volume embarcado já no próximo ano com o status de zona livre de aftosa sem vacinação. Ainda em 2021, o acréscimo poderá ser de 5% a 10%, aponta projeção da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
No caso do RS, a quantidade embarcada pode chegar a até 293 mil toneladas ainda neste ano, acrescentando US$ 86 milhões à receita de 2020, e fazendo o faturamento chegar a US$ 715 milhões. No próximo ano, novo salto possível: a quantidade pode alcançar 350 mil toneladas, e a receita, US$ 850 milhões. Somando Paraná, o valor extra possível é de US$ 350 milhões.
A oportunidade mais imediata vem da China. O RS já vende para o país asiático, mas ganha espaço para o embarque de carne suína com osso e miúdos, observa Ricardo Santin, presidente da ABPA.
Diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul (Sips) e presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa), Rogério Kerber cita uma vantagem do RS neste momento. O Estado tem oito das 16 plantas de suínos habilitadas no Brasil para exportação à China. Outras sete estão em Santa Catarina (que já era livre da doença sem vacinação) e uma no Mato Grosso, mas em área onde ainda se seguirá vacinando (o Estado tem apenas alguns municípios na zona dos sem imunização. Paraná, também reconhecido com o novo status, não tem nenhum frigorífico habilitado.
— O primeiro que deve auferir resultados desse reconhecimento é o Rio Grande do Sul, em razão dessa condição — reforça Kerber.
Como já existe um protocolo firmado entre as duas partes, o processo é mais rápido do que onde o produto ainda não tem acesso.
— Nossa expectativa é imediata. Estamos trabalhando para que isso aconteça no curtíssimo prazo —diz o diretor-executivo do Sips.
O dirigente acrescenta que desde o reconhecimento do RS como zona livre de aftosa sem vacinação pelo Ministério da Agricultura, a documentação já está sendo repassada às autoridades chinesas. O próximo passo será encaminhar o certificado de homologação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, José Guilherme Leal explica que, a partir de agora, abrem-se tratativas individuais:
— Já existia negociação em andamento. Alguns países fazem análise, outros demandam auditorias.