Com surpresa e preocupação foram recebidos os cortes no orçamento da União que atingem programas importantes como o Pronaf, voltado à agricultura familiar. Na subvenção do crédito voltado especificamente ao atendimento desse público, a tesourada foi de R$ 1,35 bilhão. Em operações de custeio, de R$ 550 milhões, e, em de investimentos de agroindústrias, de R$ 600 milhões.
O corte veio na avaliação do Congresso sobre a previsão de gastos e surpreendeu o Ministério da Agricultura, que tentará reverter a situação. Segundo o secretário da Agricultura Familiar e Cooperativismo da pasta, Fernando Schwanke, a ministra Tereza Cristina já está se mobilizando em relação ao tema. Recursos para subvenção do Plano Safra são liberados pelo Ministério da Economia para serem executados em programas da Agricultura.
Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), diz que a entidade iniciará uma mobilização a partir desta segunda-feira (29), porque entende que a redução em programas voltados à agricultura e à pecuária, que estão “segurando o Brasil e o Estado de pé”, traz insegurança e preocupação:
— Estamos convivendo com falta de recursos nos últimos dois anos, principalmente na linha de investimento (Mais Alimentos). Não dá para deixar de investir no setor que é o principal na garantia da soberania alimentar e fundamental para as exportações brasileiras.
Igualmente surpreendida pela alteração foi a Federação da Agricultura (Farsul). O economista-chefe da entidade, Antônio da Luz, pondera que, diante do enorme déficit fiscal em 2020, os ajustes são necessários, com todas as partes tendo de dar sua parcela de contribuição. O problema, acrescenta, não é a tesourada em si, mas a forma como foi feita:
— É desconfortável ver cortes em coisas tão essenciais e aumentos em outras que não são. Estão sendo feitas reduções nas atividades-fim.
O economista chama a atenção para o fato de que, ao mesmo tempo em que houve redução, foi feito aporte de R$ 1,5 bilhão na rubrica de fomento agropecuário, que pode ser utilizado de forma política:
— Criam o problema (redução de recursos) e oferecem uma solução para resolver com emendas parlamentares.
O orçamento para 2021 ainda precisa de sanção presidencial.