A produção agropecuária tem sido a exceção positiva em meio à pandemia. De forma geral, o setor cresceu e ajudou a evitar um tombo maior da economia brasileira no ano passado. Há segmentos, no entanto, que seguem tendo impactos negativos. É o caso das agroindústrias familiares que ainda sentem o peso do cancelamento das feiras. No Rio Grande do Sul, são cerca de 40 eventos por ano, contando só os que têm apoio da Secretaria da Agricultura.
Canais alternativas de venda foram criados, mas o alcance dessas plataformas não é o mesmo, observa Jocimar Rabaioli, assessor de Política Agrícola e de agroindústrias familiares da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS). Houve relatos de perdas que chegavam a até 70% no faturamento.
— Não se atinge o público que se atingia nas feiras. Além disso, têm papel fundamental, que é na inserção dessas famílias na abertura de novos mercados. Sem falar da troca de experiência, conhecimento, tecnologia.
Os eventos também acabam sendo uma facilidade para o consumidor, que encontra diferentes itens no mesmo lugar. No ano passado, o pavilhão da agricultura familiar da Expodireto foi o único a funcionar nos moldes tradicionais. A exposição ocorreu uma semana antes da confirmação do primeiro caso de covid-19 no RS. Depois disso, na Expointer foi implementado um modelo de drive-thru.
Neste ano, as feiras se mantêm canceladas. Com esse cenário, o setor pleiteou linhas de crédito de apoio. No mês passado, resoluções do Conselho Monetário Nacional atenderam essa solicitações, como a que amplia para dois anos o prazo de pagamento de custeio de industrialização contratado até 30 de junho deste ano. Secretário da Agricultura Familiar do Ministério da Agricultura, Fernando Schwancke considera uma "vitória importante para o setor".
Mas a melhora só deve ser perene quando houver vacinação em massa, pontua Rabaioli:
— Porque só assim poderemos voltar na maioria das atividades.