Com o objetivo de monitorar os efeitos da pandemia sobre a produção e o abastecimento de alimentos, o Comitê de Crise (CC-AGRO-COVID19) do Ministério da Agricultura ganhou nesta segunda-feira (22) nova composição, conforme o Diário Oficial da União. Criado em 30 de março de 2020, o grupo está sendo reativado e também tem como tarefa pensar em soluções que possam atenuar eventuais problemas detectados. Atividade essencial, o agronegócio não parou durante o avanço do coronavírus. Ainda assim, alguns segmentos acabaram sendo impactados por conta das restrições impostas.
Está nesse grupo a produção familiar. O cancelamento das feiras do setor pesou no faturamento e, ainda que alternativas tenham sido encontradas, por meio de vendas online e telentrega, nada se compara ao alcance desses eventos. Eugênio Zanetti, vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS), lembra que, mais do que um canal de vendas, são uma vitrine. Cientes da necessidade de suspensão, diante da gravidade do quadro atual, o que os agricultores buscam são mecanismos de apoio.
— Não é só o pessoal que vai ali comprar, são os negócios alinhavados. Temos relatos de agroindústrias que perderam 80% do faturamento com o cancelamento das feiras. Por isso cobramos que o governo crie alguma alternativa — completa o dirigente.
A entidade já apresentou, no mês passado, a solicitação para que seja criada uma linha de financiamento que viabilize capital de giro ao segmento. Nesta terça (23) e quarta-feira (24), Zanetti estará em Brasília para cobrar agilidade na liberação desse e de outros pedidos encaminhados à ministra Tereza Cristina.
— O impacto que teve, principalmente no Rio Grande do Sul, foi a questão das feiras agropecuárias canceladas. Expoagro, Expodireto, feira realizada no Litoral. Isso afetou aquelas agroindústrias que participavam — observa Fernando Schwancke, secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo da pasta.
O secretário acrescenta que o ministério está trabalhando para tentar viabilizar o crédito. Lembra, no entanto, que é preciso aval do Conselho Monetário Nacional (CMN) para a medida. Na prática, significa que pode não ser algo tão imediato.
Vale lembrar que o orçamento da União para 2021 ainda precisa receber o aval do Congresso. Na Lei Orçamentária Anual (LOA), havia previsão de cortes nos recursos do governo federal como um todo, incluindo o Ministério da Agricultura. É o caso da assistência técnica e extensão rural, cujo valor estimado para 2021, R$ 31,05 milhões, representa 40% menos do que em 2020.