Se quem casa, quer casa, quem produz, também.
E os produtores familiares do Rio Grande do Sul foram os que mais buscaram a linha de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para financiar a construção de moradias em propriedades rurais. No balanço parcial do Plano Safra vigente, o Estado representa um terço dos 3.419 contratos de julho a outubro.
Cenário que repete o verificado no ciclo 2019/2020, o primeiro de vigência da nova linha e encerrado em junho (o Plano Safra tem vigência de julho a junho). No período, os gaúchos responderam por 38% dos contratos e da quantia liberada, com um valor médio de R$ 41,03 mil. Se acrescidos os demais Estados do Sul, o percentual fica em 86,5%.
Contabilizadas todas as operações feitas, de 2019 até agora, são 12.479 financiamentos no país, somando R$ 524,375 milhões.
Para Fernando Schwancke, secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, a razão para a maior procura em território gaúcho vem da combinação de cadeias estruturadas e mais antigas:
— Isso faz com que os agricultores tenham capacidade de pagamento.
Presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva também vê na estrutura – que inclui a Cooperativa Habitacional da Agricultura Familiar, braço da entidade – como um dos fatores para a alta procura. O outro é a demanda que existe no campo.
— É muito grande. E a casa nova traz uma qualidade de vida. Por incrível que pareça, ainda temos habitações precárias — pontua o dirigente.
Schwancke relembra que, em 2019, houve um trabalho junto à pasta da Economia para que a residência fosse vista como parte do sistema produtivo.
— Ponderamos que era “a casa de máquinas da propriedade”. É a mesma coisa que ter um transatlântico e você tirar o motor. Fica à deriva.
O presidente da Fetag acrescenta que, além da procura pelo Pronaf Habitação, há a necessidade represada de financiamentos com subsídio.
Outro tema acompanhado de perto é o do crédito fundiário, agora renomeado Terra Brasil. Depois de anos na marcha lenta e paradas, a expectativa é de que a ferramenta possa finalmente ganhar ritmo.
A meta da Fetag-RS é de que possam ser finalizadas cerca de 50 propostas represadas e de que sejam encaminhadas outras mil propostas em 2021.