Com os sucessivos cortes da taxa básica de juro, a Selic, agora estacionada em 3% ao ano, a busca por tesouradas nos percentuais de financiamentos agrícolas é prioridade número 1 no próximo Plano Safra. A reivindicação está no topo da lista das propostas apresentadas ontem à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O documento, entregue pelo vice-presidente e presidente da Comissão de Política Agrícola da entidade, deputado José Mário Schreiner, traz em 62 páginas o detalhamento de como tornar possível a execução das 10 medidas sugeridas.
A primeira é a diminuição do juro nas operações de crédito do setor “em consonância com as sucessivas reduções da taxa Selic e do juro de outros setores da economia”.
– Foi realmente a principal demanda dos produtores – diz Fernanda Schwantes, assessora técnica da Comissão Nacional de Política Agrícola da CNA.
A Confederação pontua que as taxas do Plano Safra vigentes são semelhantes às do ciclo 2017/2018, construído quando a Selic era 11,25%. De lá para cá, o juro básico caiu drasticamente, e o cenário econômico mudou. O governo subvenciona o juro, mas a fonte dos recursos do crédito agrícola são depósitos compulsórios de poupança e à vista dos bancos.
– Como o custo de captação (remuneração paga ao poupador) está diminuindo, tem espaço para reduzir juro ao produtor – pontua Fernanda.
Economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz acrescenta que o spread (diferença entre o que o banco paga para captar recursos do cliente e o que cobra nos empréstimos) está em patamares muito elevados. A Farsul busca juro de 3% no Plano Safra 2020/2021.
Outra solicitação feita pela CNA é para que os percentuais recebidos pelas instituições financeiras de custos administrativos e tributários sejam readequados “às novas condições macroeconômicas, viabilizando o aumento do volume de recursos equalizável à disposição do setor”.
Ao receber as sugestões, a ministra disse que são importantes para conectar a pasta com as demandas dos produtores. E que servirão “de orientação” para o plano em construção com a Economia.
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