Prioridade na lista de desejos dos produtores para o Plano Safra 2020/2021, o corte na taxa de juro saiu (veja quadro abaixo). E agradou em parte, já que os percentuais seguem acima da Selic, reduzida nesta quarta-feira (17) a 2,25% em reunião do Copom.
— Juros mais baixos eram o grande anseio da classe de produtores — disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que agradeceu ao ministro Paulo Guedes (Economia) por viabilizar o plano.
Quem acompanhou a negociação sabe que nenhum esforço teria tido efeito sem o aval da Economia.
Diante do cenário atual, Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), entende que esse foi o juro possível, apesar do desejo de que ficasse ainda menor:
— Com bancos empoçando liquidez, não adianta atribuir uma taxa que agrada ao ouvido, mas que ninguém acessa. Fica bom no discurso e ruim na prática.
Na mesma linha, Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz), classifica a redução dos juros como positiva:
— Sabemos do momento, do esforço do governo em função da crise. Se olharmos isso, a queda de juros é positiva.
Presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro), Paulo Pires avalia que, justamente por ser este um momento atípico, é importante garantir as condições para investimentos do produtor:
— A redução do juro podia ser maior. Acho que os spreads bancários foram preservados.
Para produtores familiares, no entanto, o plano deixou a desejar. Hoje, haverá um detalhamento das linhas voltadas ao segmento. Houve redução de 0,25 a 0,6 ponto percentual, com as taxas ficando entre 2,75% e 4%.
— Não podemos concordar que os agricultores paguem juros acima da Selic — observa Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agriculutra do Estado (Fetag-RS).
A unanimidade do Plano Safra é o R$ 1,3 bilhão para subvenção do seguro rural.
A ferramenta é vital, sobretudo para Estados como o Rio Grande do Sul, onde o tempo pode impor duras perdas.