Dourada como o trigo, a cevada que está sendo colhida no Rio Grande do Sul abastecerá principalmente a indústria cervejeira. As maiores áreas de cultivo estão localizadas nas regiões em Ijuí, no Noroeste, e Passo Fundo, no Norte. A boa notícia é que, apesar de também ter enfrentado problemas com a geada registrada em agosto e a falta de chuva no final do ciclo, o desenvolvimento é considerado satisfatório.
— Em qualidade, a cevada deste ano não apresenta muitos problemas — observa Rogério Mazzardo, diretor-técnico em exercício da Emater.
A instituição faz a classificação do produto que entra nas maltarias — tanto do Estado quanto de fora. Para o cereal, a falta de umidade na etapa de formação de grão pode afetar tamanho e qualidade. Segundo Mazzardo, até o momento, a condição “não é algo preocupante”.
— Nossa expectativa é de uma colheita com alta qualidade, o que garantirá que os produtos cheguem aos consumidores nos mais altos padrões — reforça Edivan Panisson, diretor de Suprimentos e Sustentabilidade da Cervejaria Ambev, que tem duas maltarias no Estado.
Neste ano, a área destinada ao cereal em território gaúcho recuou 14,45%, segundo a Emater, somando 40,7 mil hectares. Parte dessa redução pode ser explicada pelo aumento do espaço dedicado ao trigo. A produtividade estimada no início do ciclo era de 2.948 quilos. Com a colheita atingindo cerca de 70%, o que se observa são rendimentos variados.
Para a Ambev, que concentra as lavouras de cevada nos três Estados sul do país, houve estabilidade em área, que somou 75 mil hectares na região. Toda a produção é consumida pelas duas maltarias e uma cooperativa parceira.
— Como no Brasil temos uma demanda de cevada e de malte maior que a produção doméstica, as cervejarias tornam-se dependentes de importação, principalmente dos países vizinhos do Mercosul que, por razões já conhecidas, apresentam impacto da variação — acrescenta Panisson.
Na prática, isso representa custo maior, que tende a deixar o preço da cerveja mais amargo. Neste ano, o cereal também tem sido procurado no Estado como alternativa para alimentação do rebanho leiteiro.
— Teve aumento no milho, na soja e isso impactou custos de produção de ração. Em função da escassez e do preço, buscaram-se alternativas — resume o diretor técnico em exercício da Emater.