Ainda que o tempo chuvoso e frio pareça estar “segurando” a nuvem de gafanhotos que percorre a vizinha Argentina, autoridades brasileiras deixam tudo pronto para ação, caso seja necessária, no território gaúcho e catarinense. Ontem, o Ministério da Agricultura publicou portaria com diretrizes gerais, dentro da emergência fitossanitária em vigor. No documento, são listados os princípios ativos que poderão ser empregados.
– Antes do ato, havia apenas dois produtos registrados no Brasil para controle da praga, usados para a soja. Como agora não existem lavouras desse grão, a portaria permite que se utilizem esses princípios ativos para todas as culturas – explica Jairo Carbonari, chefe do Departamento de Defesa Agropecuária da superintendência do ministério no Estado.
As recomendações de dosagens também estão indicadas. E nesta terça-feira (30), deve sair novo documento, com orientações para uso de aeronaves agrícolas para a aplicação. O Sindag, conta o diretor-executivo, Gabriel Colle, foi solicitado a encaminhar contribuições para o plano de controle.
O modelo que está sendo criado é semelhante ao que foi usado pelos argentinos – que, em razão do mau tempo não têm mais conseguido fazer aplicações, a última foi na sexta-feira. A exceção é o uso do princípio ativo fipronil, que não foi autorizado no Brasil. O inseticida era um ponto de preocupação no Rio Grande do Sul, porque o uso inadequado é apontado como causador da mortandade de abelhas.
Carbonari reforça que as regras servem para que se tenham ferramentas disponíveis para o manejo adequado caso e somente se for necessário. O estado de emergência tem validade de um ano, mas pode ser revogado antes, se assim se entender necessário.
No momento, a suspeita é de que o clima frio e chuvoso afetou a nuvem principal, mas que ficaram focos secundários no país vizinho. Isso faz com que as equipes técnicas se mantenham mobilizadas.
– Todas as medidas previstas estão sendo tomadas – reforça Carbonari.
Nesta terça-feira, técnicos recebem treinamento virtual sobre biologia, comportamento e controle da praga voltado a servidores dos órgãos federal e estadual. Entre os palestrantes estarão Dori Navas, da Embrapa, e Jerson Guedes, do Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).