Diante de um quadro de estiagem que só se agravou, o Estado se preparava para os problemas que teria neste ano. O tombo era esperado. O que assusta nos dados do PIB apresentados pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE) nesta quarta-feira (10) é a gravidade da queda antes mesmo de chegar no ponto mais difícil do trajeto. Porque o principal produto agropecuário, a soja, entra com força, cerca de 90%, no segundo trimestre. Em outras palavras, o pior ainda está por vir.
— Em termos de efeitos econômicos, imaginamos que seja uma estiagem parecida com a de 2012 — observa o Martinho Lazzari, pesquisador do DEE, da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão.
Naquele ano, o PIB agropecuário caiu 32,4%. Sem uma covid-19 associada. E que amplia os danos. Economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz compara o Rio Grande do Sul a um paciente com problemas prévios. Para ele, o risco é ainda maior.
— A pandemia nos pega mais fragilizados do que qualquer outro Estado. Independentemente do vírus, já estávamos com o PIB determinando em 2020.Em 2005 e 2012, não havia esse fator — observa Luz.
Além do fato de o principal produto entrar no segundo trimestre, outro ponto deverá puxar ainda mais para baixo os números. O levantamento leva em consideração redução de 27,7% na colheita da soja (com base no dado disponível quando o cálculo foi feito). E o encolhimento será maior, como pontam levantamentos, passando de 40%.
Se houve ocasiões em que o Estado se descolou positivamente do resultado do país, agora a situação é inversa. A agropecuária brasileira cresceu no primeiro trimestre, na comparação com o período imediatamente anterior e com igual período de 2019.
— O RS é o grande diferentão do país — observa Luz.
Ainda que o Brasil também sofra impactos negativos em razão da covid-19, a projeção de safra de grãos de safra recorde trazem outro cenário para a agropecuária nacional.
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