Diante da queda de 1,5% do PIB nacional no primeiro trimestre em relação ao período imediatamente anterior, o tombo de 3,3% da economia gaúcha entre janeiro e março em relação ao mesmo período de 2019, foi um susto. Na mesma base de comparação, a retração nacional foi de apenas 0,3%. Conforme Martinho Lazzari, pesquisador do Departamento de Economia e Estatística (DEE), o Rio Grande do Sul "deve entrar em segunda recessão bastante profunda".
Como os dados de janeiro a março já foram muito ruins, a coluna perguntou a Lazzari o que esperar do segundo trimestre, quando tanto o peso da pandemia quanto o da estiagem devem ser maiores.
– O período de abril e junho representa a maior participação da agropecuária no VAB (soma da produção de todos os setores), é quando 90% da safra de soja é colocada para dentro do PIB. Projetamos uma queda bastante expressiva de agro no segundo trimestre. Não sabemos dizer ainda quanto. E como o efeito econômico da pandemia foi mais forte em abril e maio, de fato o segundo trimestre tende a ser mais negativo – resumiu.
Entre os motivos que ajudam a explicar tamanha diferença entre o desempenho nacional e estadual, está até a base de comparação. No primeiro semestre de 2019, o Rio Grande do Sul havia tido uma recuperação acima da média. Na época, já se reconhecida que era um resultado de exceção. A divulgação marcou o retorno do cálculo do PIB para o DEE, depois de um período de terceirização, durante o governo Sartori.
Mas também há explicações relacionadas às características da economia local. O segmento da indústria extrativa, dominado no país por petróleo e minério de ferro, segurou a queda da indústria brasileira no primeiro trimestre.
No Estado, esse segmento é formado por celulose, carvão mineral e areia. Com exceção do primeiro, os outros dois contribuem pouco para o PIB, por ter movimentação baixa e de pequeno valor. Não explica toda a diferença, mas ajuda a entender.