O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço
Com a taxa básica de juro no Brasil, a Selic, no menor nível da história, entidades agropecuárias do Rio Grande do Sul esperam por redução nos custos dos financiamentos do Plano Safra 2020/2021, que será anunciado pelo Ministério da Agricultura na quarta-feira (17). No mesmo dia, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deverá cortar a Selic de 3% para 2,25% ao ano, projeta o mercado financeiro.
Em a meio esse contexto, a queda do juro no crédito agrícola é o principal pleito dos produtores. O economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, lembra que a agropecuária é o único setor que segue crescendo no Brasil, mesmo com a pandemia. Neste sentido, avalia como “absurda” a hipótese de ofertar taxas muito acima da Selic.
– O Plano Safra passado já foi descalibrado, tanto que hoje há oferta de crédito mais barato no mercado. Se esse juro não for o indutor do crédito, o agricultor vai pegar dinheiro em outro lugar. Isso acontecer duas vezes seguidas vai levantar dúvidas sobre o papel do plano – avalia Luz.
No ciclo passado, o juro para o produtor regular era de 8% ao ano, para os agricultores de médio porte, de 6%, e na agricultura familiar chegava a até 4,6%. O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, salienta que a recente trajetória de redução dos juros não está chegando na ponta final.
– Está na hora de o governo apertar os bancos. Não dá para se forçar um juro acima da Selic. Para a agricultura familiar, uma taxa razoável seria entre 1% e 2% – aponta.
O presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS), Paulo Pires, reforça que o crédito seria um instrumento importante para atenuar os prejuízos causados pela estiagem no Estado.
– Para o produtor gaúcho, que teve frustração com a safra desse ano, é ainda mais importante (a redução do juro) – complementa.