Depois de sucessivas safras com problemas, o produtor de arroz do Rio Grande do Sul tem, neste ano, uma conjuntura única. Condições dentro e fora do país, além de um resultado positivo nas lavouras, propiciaram uma colheita em que o preço supera o custo de produção.
– Em 32 anos de mercado, pela primeira vez vejo produção e preço (bons) juntos – observa Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-rs).
Mesmo em pleno período de safra, os valores pagos pelo cereal têm se mantido em alta. Indicador do arroz em casca Esalq-Senar-RS, mostra que, de março para cá, a valorização da saca foi de quase 18%. Entre os fatores que alimentaram essa alta está o aumento no consumo. Com o advento da pandemia, o consumidor buscou mais produtos não perecíveis, que pudesse estocar em casa, como o arroz. E acabou pegando o varejo desabastecido, observa Velho.
Na ponta, como vinha antecipando a entidade desde o ano passado, o preço também subiu. Pesquisa divulgada pelo Dieese mostra que o arroz foi um dos itens da cesta básica que tiveram aumento em Porto Alegre, em abril: 7,64% sobre março.
– O câmbio e a conjuntura internacional estão trazendo paridade mais elevada ao arroz, o que proporciona aquecimento no mercado interno – explica o presidente da Federarroz.
Outro fator positivo foi o resultado da safra, que superou as projeções iniciais. Depois de um começo difícil, o ciclo deve encerrar com produtividade de 8,4 mil quilos por hectare, fator que traz tranquilidade de abastecimento. E se a demanda se mantiver, novos reajustes não estão descartados.