A chuva que caiu no Estado hidratou as expectativas de que agora seja possível começar a virar a página da estiagem no campo. Na Fazenda Alto das Figueiras, em Encruzilhada do Sul, as rachaduras no solo onde antes havia um açude se mantêm. Mas depois de dois dias seguidos de precipitações, ostentam milímetros de água acumulados.
– Essa chuva espetacular, depois de 7 meses, significa a renovação da esperança. É importante para reposição de água, viabilização das pastagens e, nas cidades, para abastecimento das represas – ressalta André Camozzato, administrador da propriedade e presidente da Comissão de Ovinocultura da Secretaria de Agricultura do Estado.
Criador de gado, ovinos e produtor de grãos, ele registrou no mês passado como estavam as áreas de açudes que serviam para saciar a sede do rebanho. Estavam secas, com rachaduras. E na planilha, os números confirmavam a ausência da chuva. O acumulado em março era 30 milímetros, o menor nível desde julho de 2017. E representava 10% do que choveu em igual mês daquele ano, quando a soja teve produção histórica no Estado.
— Nunca vi níveis tão baixos de água — disse, então.
Nesta sexta-feira, ao apresentar o balanço da safra de grãos 2019/2020, o presidente da Emater, Geraldo Sandri afirmou:
– Esperamos que nesta semana esse ciclo se feche, com o retorno da chuva. A fase em que ela faltou foi determinante para as perdas – avaliou o presidente da Emater, Geraldo Sandri no balanço da safra de verão.
A cultura mais afetada foi a da soja, redução de 45,8% em relação à estimativa no início do ciclo, com a colheita agora projetada em 10,6 milhões de toneladas. É o menor volume desde a safra 2011/2012, quando o Estado foi igualmente castigado com a falta de chuva. O volume total de grãos (soja, milho, feijão e arroz) será 32,5% menor do que o previsto no início do ciclo e 28,7% em relação a 2019. Com grande variabilidade entre regiões, a soja acumula, na média, quase 46% em produção e produtividade.