Os efeitos da estiagem enfrentada no Rio Grande do Sul continuarão sendo sentidos mesmo quando o ano acabar. Em algumas atividades, podem se estender por até três anos. É o caso da produção de carne. Com ciclo longo, a pecuária de corte refletirá a condição imposta pela falta de chuva.
O principal problema trazido foi justamente a dificuldade na oferta de alimento aos animais, com relação direta em desenvolvimento, produtividade e fertilidade. Pode interferir, ainda, na reprodução.
— Faltou chuva nos últimos 30 dias, fundamental para pastagens de inverno e campos nativos — alerta José Fernando Piva Lobato, PhD em Produção Animal e professor da UFRGS.
O reflexo disso pode se dar de duas formas. Mais no curto prazo, o atraso nas pastagens de inverno (acima propriedade em São Gabriel, na Fronteira Oeste), que deveriam estar germinando, poderá levar a um pico de preço do gado em junho.
Outra consequência é que, sem ter a oferta forrageira adequada, a fêmea prenhe perde a condição de gordura até o parto e isso, associado à lactação que se inicia, impedirá prenhez futura. Lá na frente, representa menos terneiros nascendo, o que se traduz em redução na oferta.
— Teremos baixo nascimento e redução da oferta de terneiros desmamados em 2022. E menos novilhos em 2023. É o efeito da estiagem na pecuária com sequelas em três anos — completa o professor.
Acompanhamento da Emater mostra grande variabilidade de perdas nas pastagens, entre 10% e 60%. Situação semelhante à dos campos nativos.