Na administração da Fazenda Alto das Figueiras há 26 anos, André Camozzato capturou na propriedade, em Encruzilhada do Sul, imagens que impressionam. No lugar onde antes havia um açude, utilizado para o rebanho bovino, sobrou apenas solo seco, com rachaduras. Criador de gado e de ovinos, além de produtor de grãos, também responde pela Comissão de Ovinocultura da Secretaria de Agricultura do Estado.
— Não lembro de um ano tão complicado como esse. Precisamos fazer várias revisões de planejamento. Na época do meu vô e do meu pai, se falava em seca, mas nunca vi níveis tão baixos de água — assegura.
Ele trabalha com a chamada integração lavoura e pecuária. E na planilha de controle da fazenda, os números confirmam a impressão. O nível de chuva acumulado em março, por exemplo, soma 30 milímetros, o menor desde julho de 2017. E representa só 10% do que choveu em igual mês de 2017, ano em que a soja teve produção histórica no Estado.
Na lavoura, as perdas são verificadas. Mas o impacto virá também para a pecuária de corte, tanto com os bovinos quanto para os ovinos.
— Vai afetar. E há prognósticos de pouca chuva ainda na próxima primavera. A tendência é de diminuição de oferta de carne em geral, um pouco misturada com essa questão do coronavírus — acrescenta Camozzato.