No primeiro levantamento feito a campo sobre a safra de inverno de 2019, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que a área cultivada com o trigo, principal cultura da estação, deve crescer 3% na comparação com o ano passado. A estimativa é de que alcance 702,2 mil hectares ante 681,7 mil hectares em 2018. Da mesma forma, aveia e cevada devem ter área 2% superior à do ciclo anterior. Só a canola tem, neste momento, perspectiva de recuo — 1,1% a menos.
Para Carlos Bestetti, assistente da superintendência regional da Conab no Rio Grande do Sul, a explicação para esse leve avanço do trigo reflete melhora nos preços do cereal, embora reconheça que este não é um ano de grandes expectativas para a cultura. Presidente da Comissão de Trigo da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Hamilton Jardim acrescenta:
— O produtor está muito preocupado porque o custo de produção da soja tem ficado mais carregado. Então, vai usar parte da lavoura de inverno para tentar buscar renda até o final do ano, diluindo os gastos com as lavouras de verão. Imagina ter receita só uma vez no ano e despesa nos 365 dias.
O plantio do trigo alcançou 86,6% no Rio Grande do Sul, conforme a Conab. As baixas temperaturas e a ocorrência de geadas não são motivo de preocupação, pelo contrário.
— São condições favoráveis no estágio de desenvolvimento atual das lavouras. No Paraná, como já havia trigo em floração, há projeção de perdas em produtividade. Só ainda n]ao se sabe quanto — pondera Bestetti.
Jardim acrescenta que o frio intenso no Estado ajuda a combater pragas e a chamada soja guaxa no período de vazio sanitário.
Para o IBGE, a área projetada para o trigo é de 705,7 mil hectares, recuo de 0,6%.