A volta do tempo seco fez avançar o plantio de trigo no Rio Grande do Sul. Enquanto as sementes da nova safra são lançadas, os números relativos ao ciclo ainda vão sendo acomodados. Ontem, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e IBGE divulgaram suas estimativas de safra, com diferenças em relação à projeção de área, produtividade e produção.
Para os dois órgãos, o espaço destinado à cultura fica entre a estabilidade e o leve recuo, diferentemente do que havia apontado levantamento de intenção de plantio feito pela Emater em 246 municípios do Estado no mês de abril. A área pesquisada representa 89% da área total e indica aumento de 4,12%, somando 739,4 mil hectares.
Para Conab, os dados divulgados ainda são baseados no ano passado, por questão de metodologia utilizada, estimando 681,7 mil hectares para o cereal. A produção divulgada é de 1,88 milhão de toneladas. É agora no mês de junho que os técnicos coletarão informações a campo, explica Carlos Bestétti, assistente da superintendência regional.
Para o Ibge, a área soma 705,7 mil hectares, pouco abaixo dos 710,16 mil hectares registrados em 2018. A produção é estimada em 2,06 milhões de toneladas, alta de 17,3% na comparação do mesmo período.
O fato é que não se projetam cenários de grandes avanços no cultivo do cereal por conta da realidade vivenciada pelos produtores ao longo dos últimos anos. O último pico de entusiasmo foi no ano de 2013, quando o trigo bateu a casa de 1 milhão de hectares e teve produção recorde. No embalo desse resultado, 2014 manteve bom patamar. Mas de lá para cá, a redução tem sido sistemática.
Presidente da Cooperativa Tritícola Regional São-Luizense (Coopatrigo), Ivo Batista relata que na região de atuação (com 13 municípios) esse tem sido o retrato:
— Vem diminuindo a cada ano a área, pelo desestímulo ao plantio. O custo de produção é alto.
A semeadura dos produtores associados atrasou um pouco por conta da chuva e do excesso de umidade, mas voltou a ganhar ritmo e deve ser concluída até o final desta semana.