Com a colheita de grãos de verão chegando ao final, produtores começam a voltar as atenções para a safra de inverno, que tem no trigo a principal cultura da estação. Por enquanto, os sinais vindos do mercado e as lembranças dos últimos ciclos indicam que a área dedicada ao cereal deverá se manter no mesmo patamar de 2018, quando somou 681,7 mil hectares no Estado.
– Estamos na bacia das almas, não tem mais o que cair em área. Não é por entusiasmo, mas por precisar de cobertura de inverno – pondera Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado.
Se as condições das últimas colheitas – sejam climáticas, de mercado ou ambas – justificam a falta de euforia do produtor, a apatia nos negócios dentro de casa ou no cenário internacional é outro ponto de atenção. Pires diz que as vendas praticamente não andaram, diferentemente do ano passado, com contratos pré-fixados de trigo.
Analista sênior da Trigo & Farinhas Consultoria, Luiz Carlos Pacheco concorda. Nos últimos dois anos, o cenário foi de preços altos, sustentados por demanda elevada dos grãos em geral. Algo que não deve se repetir em 2019:
– Aqueles valores não são realidade de mercado. Não adianta esperar por eles novamente.
As estimativas apontam produção mundial de trigo acrescida de 20 milhões de toneladas. No Brasil, também deve crescer, com consultorias apontando 6 milhões de toneladas. A tendência, diz Pacheco, é de que “sobre” produto no Rio Grande do Sul, o que pode fazer os valores caírem.
– Assim mesmo, a perspectiva é de rentabilidade para a cultura, 9,23% de lucro depois de pagas todas as despesas – projeta o consultor.