Segundo principal destino das exportações do agronegócio brasileiro, com 18% de participação, a União Europeia é vista como uma grande oportunidade para o setor reduzir a dependência do mercado interno. Não apenas pelo incremento de vendas entre os blocos, consequência do acordo fechado em Bruxelas na sexta-feira, mas também por conquistas de novos destinos que deverão vir a reboque do tratado entre Mercosul e União Europeia.
— Muitos países habilitam automaticamente seus mercados levando em conta o acesso à Europa — afirma Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Maior exportador mundial de carne de frango, o Brasil já tem os europeus como importantes parceiros comerciais — com cota de 340 mil toneladas por ano. Com o acordo, serão mais 180 mil toneladas anuais, incluindo os demais países do Mercosul.
— A União Europeia paga preço diferenciado para cortes especiais, como peito de frango salgado — destaca Turra.
Quanto à carne suína e aos ovos, produtos que o Brasil ainda não exporta aos europeus, o acordo facilitará a concretização de protocolos sanitários, projeta:
— Esse clima de otimismo é um componente forte para revitalizar o setor de proteína animal, com expectativa de ampliação gradual da produção ao longo dos anos.
Para a carne bovina, foi acertada a cota de 99 mil toneladas anuais de carcaça e 77 mil toneladas de cortes.
— O acordo dará à cadeia a possibilidade de um ciclo comercial mais amplo, com maior demanda pela matéria-prima — analisa Antônio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
Para a superintendente de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Lígia Dutra, o tratado comercial entre Mercosul e União Europeia trará ganhos aos produtos agrícolas.
— Mas, claro que todo o acordo é um encontro de equilíbrio, uns vão ganhar mais do que outros. O desafio é fazer com que os que irão ganhar menos se tornem mais competitivos no futuro — pondera.
Acesso a produtos agrícolas
União Europeia vai liberalizar 99% das importações agrícolas ao Mercosul, divididas em:
- 81,7% elimina total ou parcialmente tarifas de importação para produtos como suco de laranja, frutas (melões, melancias, laranjas, limões, entre outras), café solúvel, peixes, crustáceos e óleos vegetais.
- 17,7% serão de cotas ou preferências fixas, como para as carnes bovina, suína e de aves, além de açúcar, etanol, arroz e mel.
Eliminação de barreiras não tarifárias e facilitação de exportações:
- Estabelece prazos e procedimentos para protocolos sanitários, fitossanitários e normas técnicas, buscando melhorar o acesso aos mercados e evitar medidas injustificadas e arbitrárias.
- Garante maior previsibilidade e transparência regulatória pela redução de inspeções físicas, harmonização de procedimentos aduaneiros.