O setor vitivinícola brasileiro, um dos mais sensíveis ao acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia, poderá receber medidas para compensar a redução gradual de tarifas entre os blocos — no prazo de até 12 anos. Segundo Covatti Filho, secretário estadual da Agricultura, o governo federal está estudando ações de redução de tributos, como de IPI e de PIS/Cofins, além da concessão de linhas de crédito às vinícolas.
— A ideia é preparar o setor para encarar esse novo mercado — afirma o secretário da Agricultura.
As negociações estão sendo conduzidas no governo federal pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, com a participação dos ministérios da Agricultura, Economia e Relações Exteriores. Segundo Covatti Filho, já foram realizadas diversas reuniões e a proposta está sendo finalizada para ser encaminhada para análise do setor vitivinícola.
Diretor de Relações Institucionais do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Paviani, diz que o acordo frustrou o setor, que esperava a inclusão dos vinhos no sistema de cotas — como as carnes, açúcar, etanol, arroz e mel.
— Sabíamos que a definição do vinho ficaria para a última reunião, seguraram até o último minuto.
Para o dirigente, a redução de tarifas entre os blocos fará os vinhos sul-americanos perderem mercado para produtos europeus, pois mais mais de 60% da produção e exportação mundial de vinhos está concentrada hoje na União Europeia — especialmente nos países de França, Itália, Espanha e Portugal. Além disso, o setor recebe subsídios anuais de US$ 1,1 bilhão.
– Precisaremos de uma política para a vitivinicultura brasileira, com medidas compensatórias que oferecem um pouco de equilíbrio ao mercado — conclui Paviani.