Depois de 11 anos de espera, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concluiu a reavaliação toxicológica do glifosato, herbicida usado em mais de 90% das lavouras de soja do Brasil. O parecer pela continuidade do uso vem em um momento oportuno para a multinacional alemã Bayer (nova dona da Monsanto, fabricante original do produto), que enfrenta neste momento novo processo nos Estados Unidos.
Os técnicos avaliaram que não há evidências suficientes para classificar o glifosato como produto carcinogênico, mutagênico ou teratogênico (capaz de causar câncer e outros danos graves, como casos de má-formação de fetos na gravidez).
A decisão final sobre o produto, no entanto, ficará para depois de encerrado prazo de 90 dias de consulta pública sobre o tema, permitindo manifestações acerca do herbicida. Na prática, é pouco provável que desse processo possa sair algo capaz de causar reviravolta no processo de reavaliação.
Em nota, a Bayer voltou a defender o glifosato, afirmando que "é uma ferramenta vital para a agricultura brasileira". Diz ter colaborado com a Anvisa no processo de revisão, compartilhando dados científicos.
No ano passado, liminar da 7ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, depois derrubada, determinava que novos registros do glifosato não poderiam ser concedidos até que a Anivsa concluísse a reavaliação toxicológica iniciada em 2008.
A decisão, à época, causou apreensão entre os produtores porque saiu às vésperas do plantio da safra de soja no país. E veio ao mesmo tempo em que um tribunal americano determinou indenização milionária a um jardineiro que associava seu câncer ao uso do herbicida.
Na segunda-feira (25), novo julgamento, de outra ação teve início nos EUA.