Ao longo das últimas semanas, as abelhas acabaram virando notícia no Rio Grande do Sul. Ora pela mortandade súbita, ora pelo excesso de exemplares que se reuniram em enxame gigante, de proporções, segundo especialistas, não vistas no país nos últimos 30 anos. Os dois casos mobilizam técnicos, que buscam as razões para os problemas.
Pesquisador do inseto e coordenador do Laboratório de Apicultura da Faculdade de Agronomia da UFRGS, o professor Aroni Sattler coletou amostras na propriedade de Caçapava do Sul, onde houve o surto. E vai avaliar todas as possibilidades.
A ideia, assegurou, é não descartar nenhuma hipótese, como manda a boa prática da ciência. Serão avaliadas desde a ocorrência de doenças até eventuais resíduos de produtos químicos.
Aldo Machado dos Santos, coordenador da Câmara Setorial de Apicultura da Secretaria da Agricultura, também tem acompanhado de perto os dois temas. E diz que há suspeitas de que as mortes ou até mesmo o fenômeno do enxame possam ter relação com a utilização indevida de inseticida em lavouras de soja.
Em novembro do ano passado, a preocupação com a morte de abelhas foi tema de encontro realizado em Porto Alegre que reuniu agricultores, órgãos públicos e indústria.
Em 2017, segundo a Câmara Setorial da Apicultura, cerca de 3 mil colmeias foram eliminadas — isso, contados apenas os registros informados — em muitos casos, os apicultores não reportam as perdas.
E considerando somente as abelhas utilizadas na produção de mel. Análises de laboratório indicaram que só em dois casos não havia resíduos do inseticida que costuma ser misturado com dessecante nas lavouras e é fatal para as abelhas. O Rio Grande do Sul tem cerca de 497 mil colmeias.
Os casos recentes, ainda sem comprovação de causas, trazem novo alerta. É preciso entender o que está acontecendo para então tomar as providências adequadas.