A última vez que quantidade e qualidade da safra de trigo viraram boa notícia foi em 2013, quando o Estado produziu 3,35 milhões de toneladas. Ainda assim, o produtor penou para ter rentabilidade, com a entrada de produto importado – inclusive com isenção da Tarifa Externa Comum, para países de fora do Mercosul. Desde então, foi só problema: no campo, no mercado, ou em ambos.
Pois no andamento do atual ciclo, brotou a expectativa de um momento diferente para os produtores, em razão da valorização das cotações. Tudo caminhava bem até que a chuva apareceu como fator de preocupação.
Com metade da área colhida, segundo a Emater, as produtividades obtidas ainda são variadas. E a presença de doenças provocadas por excesso de umidade traz de volta o temor da perda de qualidade.
– O grande problema é essa semana de chuva. O trigo colhido até agora é de boa qualidade, mas ainda há 50% nas lavouras. E a preocupação é grande – pondera Vicente Barbiero, presidente da Associação de Empresas Cerealistas do Estado (Acergs).
A entidade defende a segregação do cereal como forma de garantia de mercado. Barbiero reconhece que à parte da questão climática, “este é um ano fantástico porque com os estoques baixos os preços estão muito bons, acima do mínimo”.
E o efeito de um resultado favorável nas lavouras se estende para além da porteira.
– A colheita movimenta tudo, especialmente no interior do Estado – afirma Nilva Bellenzier, vice-presidente de Relações com o Mercado da CDL POA e diretora da Bellenzier Pneus.
A empresa registrou em outubro crescimento de 12% nas vendas na comparação com o mesmo período do ano passado. E o que puxou os negócios foram os pneus para tratores.
Considerando que a finalização da colheita ocorre neste mês, a economia do Rio Grande do Sul poderia ganhar um fôlego ainda no final de 2018.