Um dos grandes debates surgidos no pós-eleição foi sobre a proposta de unificar os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente. Neste momento, essa parece ser uma ideia que ficou para trás no governo de Jair Bolsonaro (PSL). Por outro lado, a agricultura, seja ela qual for, deverá ser objeto de uma única pasta, segundo a recém indicada ministra Tereza Cristina, que teve ontem seu primeiro encontro com o presidente eleito:
— Aparentemente sim, mas ainda não foi definido.
A pasta do Desenvolvimento Agrário, criada em 1999, no governo FHC, foi extinta em 2016, quando passou a ser secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, ligada à Casa Civil. Se o sonho das entidades ligadas aos pequenos produtores seria o de retomar o ministério — possibilidade sequer ventilada pelo governo eleito — , a verdade é que a atual estrutura também não vinha agradando.
— Ainda entendemos que a melhor coisa seria ter. Em não tendo, o melhor lugar é a pasta da Agricultura. Na Casa Civil, sumimos na poeira, ficamos sem poder de decisão — avalia Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).
O dirigente diz que na próxima semana buscará agenda com Tereza Cristina, justamente para colocar pontos que considera importante para pequenos produtores. Também seria oportunidade de se apresentar à parlamentar, mais familiarizada com instituições que representam produção empresarial — ela própria cultiva soja no Mato Grosso do Sul.
— Um dos aspectos que que entendemos que um ministro tem de ter, que é conhecer o setor, ela tem. Mas queremos que tenha outras habilidades, que possa ouvir as entidades e ter sensibilidade para entender que agricultura familiar não é a mesma coisa que a patronal — completa Joel.
Nesta quinta-feira, ao conversar com jornalistas, Tereza Cristina apontou alguns dos temas que devem ter atenção especial em sua gestão. É o projeto de lei do licenciamento ambiental, considerado prioritário pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), presidida pela parlamentar. O assunto, inclusive, fazia parte da pauta entregue a Bolsonaro quando ele era candidato.
Ela também afirmou que deseja se manter ativa no debate ao projeto de lei que altera a legislação de agrotóxicos.
— Diferentemente do que foi dito, trouxe a modernização, pois dá a opção para o produtor brasileiro usar as mesmas moléculas usadas lá fora, através da agilidade, transparência e governança — observou.
Nos próximos dias, Tereza Cristina deve se reunir com o atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi.