A deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS), anunciada como ministra da Agricultura, no governo que toma posse em janeiro, é tudo que o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) precisava. Tem formação – é engenheira agrônoma – e vivência na área, já que é produtora de soja no Mato Grosso do Sul. Soma-se a isso a experiência acumulada na política. Foi secretária de Desenvolvimento Agrário da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul no governo de André Puccinelli (MDB) e neste ano, reelegeu-se deputada federal pelo seu Estado. Se consolidou como das lideranças da bancada ruralista no Congresso, onde assumiu a presidência da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
Olhando exclusivamente sob esses aspectos, ela já teria as chamadas credenciais técnicas e políticas para o cargo. Para completar, Tereza é mulher. A primeira a ser indicada para compor o governo de Bolsonaro. Mesmo que não tenha sido deliberada, a escolha pode ajudar a melhorar a imagem do presidente eleito, apontado como misógino e sexista em razão de declarações feitas ao longo de sua trajetória.
Um dos nomes que vinham sendo cotados para o cargo, como publicado pela coluna após a eleição, Tereza Cristina agrada ao setor. Justamente pelas habilidades que têm.
– Era uma das preferências. Tem conhecimento prático, econômico e político. E sua lidernaça no Congresso é importante, o presidente eleito está precisando de força lá – obseva Elmar Konrad, vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
A Farsul integra a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entidade que também vinha mostrando sua preferência pela sul-matogrossense. Ex-ministro da Agricultura e deputado federal eleito pelo Mato Grosso, o gaúcho Neri Geller (PP) teve contato com Tereza Cristina quando ela era secretária de Estado – e ele estava à frente da pasta federal:
– É uma pessoa de postura firme, mas sem ser exagerada. É pragmática. Não é de falar, é de fazer.
Nei Mânica, presidente da Cotrijal, uma das principais cooperativas do Estado, concorda que a deputada é uma profunda conhecedora do agronegócio. E acrescenta:
– Temos de acreditar e apoiar a mulher. É importante em toda a sociedade, mas principalmente no setor.
Talvez o único "defeito" por ora apontado por entidades do Rio Grande do Sul é o fato de ela não ser gaúcha.
– Eu preferia os gaúchos, mais identificados com o cooperativismo, com o trigo – brinca Paulo Pires, reforçando o reconhecimento que Tereza Cristina tem no segmento.