Depois do debate gerado pela proposta de unir os ministérios da Agricultura e Meio Ambiente, caso seja eleito, o candidato à Presidência Jair Bolsonaro pisou no freio. Na quarta-feira, recebeu grupo de ruralistas em sua casa, entre eles Luiz Nabhan Garcia, presidente da União Democrática Ruralista (UDR). O dirigente, um dos aliados do militar – e nome que aparece nas listas de apostas para a pasta da Agricultura – diz que o presidenciável conversou sobre a possibilidade de rever a proposta.
– Foi dito justamente da possibilidade de definir isso após as eleições em debate maior com a sociedade. Inclusive de uma forma mais globalizada, a nível internacional, para que possamos avaliar e discutir um pouco mais essa questão – diz Garcia.
Se classificando como amigo e conselheiro de Bolsonaro, ele garante que o anseio de produtores é por uma junção das duas pastas, mas que se essa questão pode causar controvérsias e atritos, será debatido de forma mais ampla.
O fato é que a fusão não é ponto pacífico nem mesmo para o agronegócio. O que muitas entidades defendem é a necessidade de simplificação de procedimentos e de eliminação do que avaliam como burocracias em assuntos relacionados ao meio ambiente. Mas daí a reunir os dois órgãos, é outra conversa.
– Não sei se é a melhor situação. São dois ministérios absolutamente diferentes. Embora boa parte das demandas seja do agro, não são exclusivamente do setor – pondera Gedeão
Pereira, presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
A repercussão negativa no cenário global de ação como essa também preocupa. Mesmo tendo um Código Florestal, com exigências de áreas de preservação e reserva legal, o Brasil já enfrenta questionamentos em relação à sustentabilidade.
– O problema hoje não é o ministério da Agricultura não estar ligado ao Ambiente. O problema é como colocam as pessoas no ministério. Dá uma pasta para um partido e outra para outro. Daí, as pessoas não se conversam. Não vai resolver o problema juntando os ministérios – acrescenta Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS).
Anderson Bellolli, diretor jurídico da Federarroz-RS, afirma que a entidade vê com cautela o assunto e entende que, se a proposta for levada à prática, precisará “ser discutida com toda sociedade”.