A um dia do anúncio do Plano Safra para a agricultura empresarial, que será feito nesta quarta-feira (6), em Brasília, entidades ligadas ao setor produtivo avaliam como poderá ser o pacote de financiamentos para o ano agrícola 2018/2019. O pedido recorrente para corte na taxa de juros deverá ser atendido, mas provavelmente não no patamar desejado pelos produtores.
— Hoje, ao que tudo indica, o juro do crédito rural ficará acima da taxa básica, a Selic – projeta Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
E essa ação deve provocar como reação o aumento dos recursos com o chamado juro livre, sem teto estipulado pelo governo. Na prática, explica Luz, isso poderá fazer com que instituições financeiras não tradicionais – hoje, 60% dos financiamentos agrícolas são feitos via Banco do Brasil – emprestem a taxas menores do que as do crédito controlado (com limite estabelecido pelo governo), “dando de ombros ao Plano Safra”.
O economista avalia que, mais importante do que a cifra a ser divulgada pelo Planalto – no ano passado, foram R$ 190,25 bilhões — é quanto se tem de depósitos à vista e de poupança, que formam os recursos para os financiamentos do setor agrícola:
— À medida que a economia melhora, esses depósitos também e, por consequência, o funding do crédito rural. Minha expectativa é de que os valores efetivamente tomados para custeio e comercialização no próximo ano-safra sejam maiores do que os do atual.
Na agricultura familiar, ao que tudo indica, a redução de juro também deve ficar aquém da desejada. O anúncio estava marcado para amanhã, mas foi cancelado e provavelmente ocorra na semana que vem. Em reunião com entidades e integrantes da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar, representantes da Secretaria Especial da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) deram pistas de como ficará o pacote. A taxa deve cair de 5,5% para 4,6% ao ano, menos de um ponto percentual, o que é considerado incompatível com a alta dos custos.
— Com o rombo criado para o acordo do diesel, a tendência é de que seja um Plano Safra magrinho, com coisas requentadas — projeta o deputado Heitor Schuch (PSB), presidente da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar.