Turbinada pelo câmbio, a cotação do milho no mercado brasileiro pegou o elevador e subiu quase 5% em uma semana, mostram dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq-USP. O indicador Esalq/BM&FBovespa em Campinas (SP) aponta que o valor pago pela saca chegou a R$ 42,43, aumento de 4,95% no período de 4 a 11 de maio.
O movimento reflete ainda a preocupação de agentes consultados com relação à possível queda na produtividade na segunda safra. "Nesse cenário, produtores/vendedores têm postergado as negociações de novos lotes, e compradores que precisam se abastecer no curto prazo são obrigados a ceder", aponta o boletim.
De fato, as projeções que são feitas para a safrinha de milho – cultivada no Centro-Oeste e no Paraná – ajudam a valorizar o grão. A falta de chuva está afetando o potencial das lavouras sobretudo no Mato Grosso do Sul e no Paraná. O consultor em agronegócio Carlos Cogo projeta redução de 8% na segunda safra de milho deste ano em relação a 2017.
Somam-se à possibilidade de diminuição na colheita e ao câmbio o avanço de preços na Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos, a quebra na safra argentina, a projeção de safra americana menor e o aumento das exportações brasileiras do produto – no primeiro quadrimestre deste ano a alta foi de 120%.
– O mercado precifica essas coisas. O preço só não sobe mais porque a demanda está fraca – afirma Cogo.
A procura menor está relacionada ao momento delicado vivido pelo setor de carnes, que tem no milho um de seus principais insumos. Depois da Operação Trapaça e com o embargo da União Europeia a 20 frigoríficos de aves houve impacto sobre as exportações brasileiras, ampliando a oferta e reduzindo valores no mercado interno. A indústria de proteína animal, aliás, vive o pior dos cenários, com seus produtos em baixa, e o milho em alta.